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O azul é mesmo a cor mais quente – é só perguntar para um astrônomo

O Sol, o fogo e o sangue nos dão a intuição das cores quentes. A água e o gelo, a das cores frias. Mas a verdade é que, na Física, é tudo ao contrário.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 Maio 2024, 14h09 - Publicado em 17 Maio 2024, 14h00

Esta é a carta ao leitor da edição 463 da Super, de maio de 2024.

As menores estrelas do Universo têm metade da massa do Sol – ou menos. A mais acanhada já encontrada pelos astrônomos atende pelo código EBLM J0555-57Ab e está localizada a 600 anos-luz de nós. Ela é tão pequena que seu tamanho é comparável ao de um planetão gasoso como Júpiter.

Trata-se de um exemplo extremo dentre as estrelas de classe M, que os astrônomos apelidam de anãs-vermelhas. Elas são relativamente frias – atingem, no máximo, 3.400 °C, o que é light para os padrões cósmicos – e, como o nome já diz, têm um brilho mais avermelhado e tênue do que o Sol. 

Na ponta oposta do espectro estão as maiores estrelas que existem, com dezenas de massas solares e temperaturas que superam os 30.000 °C. São as gigantes azuis, de classe O. E põe “gigante” nisso: se você colocasse a estrela de código V4647 Sgr no lugar do Sol, ela ocuparia todo o espaço disponível até a órbita de Marte. Falando no Sol, ele tem porte intermediário, mais próximo da turma das pequenas: 5.000 mil °C e cor amarelada, quase branca. 

Todo objeto com alguma temperatura maior do que zero produz alguma luz própria, com uma cor específica associada a esse calorzinho. Inclusive você mesmo. Um ser humano se mantém em 37 °C. Nós emitimos radiação eletromagnética infravermelha, cuja energia é tão baixa que é invisível ao olho humano. Você detecta infravermelho de outro jeito: com a pele. É o que sentimos como calor. 

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Por sua vez, uma resistência de chuveiro ou forno elétrico atinge algo próximo de 1.000 °C. Nesse patamar, além de um calorão infravermelho, ela passa a emitir uma pitada de vermelho em si – a cor de energia mais baixa que nossos olhos podem ver. 

Daí em diante, há um degradê. Da cor mais fria para a mais quente: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. A soma das cores desse gradiente é a luz branca. Estrelas médias, cujo pico de emissão está próximo do centro do degradê, acabam emitindo um pouco de cada cor – e, por isso, são brancas, sem pender demais para o vermelho ou o azul. 

A ponta azulada do espectro, portanto, é a mais quente. Apesar disso, é impossível desfazer a associação cultural pré-existente entre cores e temperaturas: o sangue, o fogo e o Sol são quentes, enquanto a água, o gelo e o céu noturno remetem ao frio. Ler o mundo desta forma faz sentido para nossa sobrevivência. Ciência e cultura, dois prismas para entender a mesma realidade.

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Você já deve ter visto lentes de óculos que filtram luz azul, ou celulares e monitores com a opção de atenuá-la à noite. Uma tela emite todas as cores, e a ideia é que a parcela azul da luz, por ter energia mais alta, geraria mais fadiga ocular e reduziria a produção da melatonina, hormônio que avisa nosso corpo que é noite. Porém, uma revisão de 17 estudos sobre o assunto concluiu que essas alegações não têm bases sólidas. Essas traquitanas, ao que tudo indica, não funcionam. 

Eu descobri a ineficácia dos filtros de luz azul há pouco tempo, por causa de um texto do nosso repórter estagiário Leonardo Caparroz no site da Super. Neste mês, o contrato dele chega ao fim, e toda a redação já está com saudade. Brigadão, Leo, por este e outras centenas de textos. E é claro: pela amizade, também, que não tem data para acabar. Toma aqui um coração azul: 💙 (Vão lá ler o texto de despedida dele, neste link. Ficou ótimo.)

Retrato de um homem branco com cabelo preto de comprimento curto, sobrancelhas pretas e grossas, olhos castanhos, barba e camisa de botão verde.

Bruno Almeida Vaiano
Editor-chefe
bruno.vaiano@abril.com.br

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