Você aprendeu na aula de biologia que, no mundo animal, os machos são os únicos interessados em sexo e disputam entre si as fêmeas, que ficam lá paradinhas. Mas, segundo o biólogo Geoff Parker, professor da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, as fêmeas bem que dão suas ciscadas por aí.
Você já defendeu que as explicações sobre a seleção sexual tiveram um viés masculino. O que isso significa?
Darwin definiu duas formas de seleção sexual: o combate entre machos, em que dois brigam para acasalar, e a escolha pela fêmea, em que ela opta por um deles. Olhando assim, até parece balanceado, como se os dois sexos fossem levados em conta. Só que Darwin considerava uma tendência das fêmeas à monogamia, enquanto o lado masculino tendia à poligamia. Obviamente, o número de acasalamentos para todos os membros deveria, em média, ser igual (o que, infelizmente, foi omitido em muitos estudos).
E a poliandria no reino animal, é comum?
A poliandria não era estudada há 30 anos porque os cientistas não se interessavam ainda pelo que chamamos de seleção sexual pós-copulatória (que acontece depois do acasalamento). Nessa categoria, entram a competição espermática (em que, quando a fêmea copula com vários machos, os espermatozoides competem dentro do trato reprodutivo dela para fecundar óvulos) e a escolha críptica do sexo feminino (em que a fêmea tem mecanismos autônomos em seu organismo para selecionar o espermatozoide com genes mais atrativos). Eu suspeito ainda que, quando Darwin começou seus estudos, a ideia de poliandria foi deixada de lado, porque ia contra os valores da sociedade vitoriana. Mas, agora que temos como verificar o DNA, sabemos, por exemplo, que muitos dos pássaros fêmeas que chamávamos de “socialmente monogâmicos” não são nada disso, e têm mais de um parceiro.
E por que os cientistas ignoraram o lado feminino por tanto tempo?
Muitos dos aspectos masculinos na seleção sexual [como adornos e combates] eram mais aparentes e mais fáceis de estudar que os femininos.
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