No oceano profundo, elefantes-marinhos usam os bigodes para achar comida
Sem enxergar pela falta de luz no ambiente, esses mamíferos têm outro recurso. Pesquisadores descobriram com câmeras de luz infravermelha.
A luz não chega às profundezas do oceano. Então os animais que habitam esses abismos na água precisam arrumar maneiras de “enxergar” caminhos, obstáculos, predadores… e principalmente comida. Baleias e golfinhos, por exemplo, usam a ecolocalização – enviam ruídos parecidos com cliques e prestam atenção ao eco que esses sons produzem quando batem em almoços em potencial.
Para os pesquisadores, no entanto, era um mistério como elefantes-marinhos de mergulho profundo – que não têm esse recurso – fazem para achar alimento.
Um novo estudo confirmou uma hipótese de que a ciência já suspeitava: esses animais usam seus longos bigodes, semelhantes aos dos gatos.
Uma equipe de pesquisa da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, posicionou pequenas câmeras de vídeo com visão noturna infravermelha na bochecha esquerda, mandíbula inferior, costas e cabeça de cinco elefantes-marinhos-do-norte (Mirounga angustirostris). E gravaram mais de nove horas de imagens em alto-mar durante a migração sazonal desses bichos.
Ao analisar os vídeos, os pesquisadores notaram que, na parte inicial de seus mergulhos, os elefantes-marinhos mantinham seus bigodes enrolados junto ao rosto. E, uma vez que atingiam uma profundidade adequada para achar comida (alimentam-se principalmente de lulas e peixes), eles esticavam seus bigodes e os mexiam ritmicamente para frente e para trás, esperando sentir qualquer vibração causada pelos movimentos na água feitos por pequenos seres aquáticos ao nadar. E então partiam para o ataque.
Já com o bucho cheio, ao voltar à superfície, os elefantes-marinhos enrolavam os bigodes de novo.
Taiki Adachi, um dos principais autores do estudo, afirmou que no futuro gostaria de realizar um estudo mais extenso, comparando este atual com a maneira como outros mamíferos usam seus bigodes, de modo a entender como esse recurso moldou os hábitos de rastrear presas no mundo animal.