Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

No Colorado, plantações de maconha emitem mais carbono que minas de carvão

O cultivo legal da planta tem que ser feito em ambientes fechados, e isso consome grandes quantidades de energia.

Por Bruno Carbinatto
10 mar 2021, 18h26

A produção legal de maconha no Colorado, Estados Unidos, emite mais gases de efeito estufa do que a indústria de mineração de carvão do estado, descobriram pesquisadores em um novo estudo que analisou o uso de energia no setor. As descobertas servem de alerta para a nascente e crescente indústria de plantação de cannabis legalizada, que pode contribuir para o aquecimento global de formas inesperadas.

O uso da maconha para fins medicinais e recreativos é legalizado no estado do Colorado desde 2012, quando a população local votou 55% a favor da medida em um plebiscito. Desde então, o estado no centro-oeste americano se tornou um símbolo das regras mais relaxadas quanto ao usa da droga, atraindo inclusive turistas em busca da experiência. Isso fez com que a indústria do setor crescesse exponencialmente nos últimos anos.

Não é um fenômeno exclusivo do Colorado; atualmente, 14 estados americanos legalizaram a maconha, além do Distrito de Columbia, onde fica a capital do país. A tendência é esse número aumentar, já que muitos estados tem propostas ou plebiscitos pendentes sobre a questão.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado decidiram investigar o possível impacto que essa indústria crescente pode ter no meio-ambiente. Eles descobriram que as emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao cultivo da maconha variam bastante de estado por estado, em um espectro que vai de 2,3 a 5,2 toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) por quilograma de flor seca produzida. O CO2 equivalente é uma medida que quantifica o potencial de aquecimento global de vários gases de efeito estufa juntos baseado no potencial do dióxido de carbono.

No Colorado, especificamente, o número total de emissões é de 2,6 megatoneladas de CO2 equivalente, um valor maior que o das emissões causadas pela indústria de carvão do estado (1,8 megatonelada). A equipe calcula que 1,3% de todas emissões do Colorado anuais sejam resultado da indústria da maconha. O estudo foi publicado na revista Nature Sustainability.

Continua após a publicidade

O motivo dos números tão altos é que a legislação local exige que a maconha seja cultivada em ambientes fechados. Isso, por sua vez, gera uma série de outros requisitos, como o uso constante de luzes artificiais para simular o efeito do Sol nas plantas, ar condicionado ou aquecedores para manter os locais em temperatura correta, e, principalmente, o tratamento e filtragem do ar que vem de fora para que ele tenha temperatura e humidade favoráveis à plantação. Tudo isso consome altas quantidades de energia.

Vários outros estados também têm legislações parecidas, e alguns possuem climas muito distintos do ideal para as plantações, o que exige ainda mais energia para adaptar os locais de cultivo. As costas do Atlântico e do Pacífico dos Estados Unidos, nesse sentido, emitem menos gases, enquanto o Alaska, as regiões do Meio-Oeste e dos Estados Montanhosos no Oeste, por sua vez, poluem mais.

No estudo, a equipe sugere que mudar o cultivo de cannabis para um ambiente ao ar livre em estufas pode diminuir os requisitos de energia e, consequentemente, reduzir as emissões. Os cientistas também ressaltam que estudos sobre a indústria da maconha ainda são muito iniciais, já que o fenômeno da legalização é relativamente recente, e mais dados são necessários para entender como otimizar a produção da droga lícita sem prejudicar o meio ambiente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.