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Mulher com sinestesia conta no Twitter qual o “sabor” do nome das pessoas

Os sentidos de Julie McDowall se misturam – e, portanto, ela sente cheiros e gostos associados a palavras.

Por A. J. Oliveira
1 fev 2019, 17h48

Sempre nos disseram que nosso corpo percebe o mundo ao redor através de cinco sentidos, certo? Visão, olfato, audição, paladar e tato. Mas nada é tão simples assim quando se trata do organismo. Seu cérebro tem muito mais do que cinco canais para perceber os estímulos ao seu redor – e a forma de processá-los dentro da cabeça é que toda seus sentidos habilidosos.

É por isso que qualquer bagunça ou leve alteração neste processo pode resultar em fenômenos sensoriais bastante curiosos. O mais famoso deles é a sinestesia: um curioso (e geralmente inofensivo) distúrbio neurológico que provoca uma baita mistureba em nossa percepção sensorial.

Pessoas com sinestesia podem, por exemplo, escutar a cor púrpura, sentir o cheiro do número 7 ou então achar que as quintas-feiras têm um gosto amargo. Tudo porque seu racioncínio trabalha em conjunto com seus sentidos de forma inusitada.

Esta semana, uma mulher com percepções sinestésicas fez um post no Twitter, dizendo que sente o sabor das palavras – e convidou as pessoas a perguntarem o gosto de seus nomes. Julie McDowall não esperava a enxurrada de respostas que ela recebeu. A thread de interações chegou perto da marca de 3 mil tweets.

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Por mais exótico que possa parecer, pesquisadores descobriram que esses casos são surpreendentemente comuns: estudo recente estima que uma em cada cinco pessoas tenha alguma forma de sinestesia. Os cientistas não sabem exatamente o que causa a condição, mas suspeitam que o processo cerebral involuntário tenha origens genéticas, como a Mundo Estranho explica nesta matéria.

Normalmente, nosso cérebro recebe os estímulos externos e os interpreta separadamente. Cada sentido segue seu próprio rumo. Já os sinestetas acabam “misturando” essas informações, pois as trilhas se cruzam. O primeiro caso documentado remonta a 1690, quando o filósofo John Locke escreveu um curioso relato sobre um homem cego que via tonalidades escarlates sempre que escutava o barulho de uma  trombeta. Julie McDowall explicou que, para 90% das palavras, ela sente o gosto, mas eventualmente recebe de brinde uma ou outra sensação e imagem.

McDowall tem tudo menos papas na língua. Alguns dos nomes que ela “degustou” têm sabores repugnantes. Duncan, por exemplo, tem o gosto de um arroto que sobe após comer bacon defumado. Barbara é um anel de plástico colorido, Keith é um chiclete de menta e Cynthia é um vestidão cheio de babados como os da rainha Elizabeth I. Sim, as descrições são criativas, detalhadas, inusitadas e meio literárias. Hannah é descrito como uma banana cinza e sem gosto, Sabine é sabão, Luke é uma cabeça de cobra decapitada. John é um botão de couro no cardigan de um homem velho. Jesus, certamente, ganhou a resposta mais doce: tem gosto de bombons Malteaser.

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