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Duas sondas independentes concluem: há metano saindo do chão em Marte

A europeia Mars Express, que está em órbita, provou que o robozinho Curiosity estava certo: a origem do gás é mesmo o Planeta Vermelho.

Por Ingrid Luisa
2 abr 2019, 19h15

A existência de metano em Marte é algo muito debatido pela ciência. A presença dessa simples molécula orgânica (CH4) pode ser um forte indicativo da presença de vida extraterrestre. Por isso, os pesquisadores são sempre cautelosos com relação a informações sobre o assunto. Agora, análises afirmam que sim, existe metano na atmosfera do Planeta Vermelho, e sabemos de onde ele vem.

Antes de destrinchar as novidades, é bom lembrar que essa história de gás metano na atmosfera de Marte não vem de hoje: o primeiro indício da molécula por lá foi encontrado em 2004, pela sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA).

Outros indícios surgiram desde então – mas nenhum permitia concluir que o gás vinha do planeta. Cientistas mais céticos afirmavam que ele poderia sair de outras fontes, como os próprios robozinhos que a Nasa manda para lá.

Mais evidências vieram em 2013: em 16 de junho, o Curiosity, um dos rovers da Nasa, registrou um pico de metano na cratera Gale – um buraco com 154 quilômetros de largura onde o robozinho pousou em agosto de 2012.

Lá, ele detectou variações sazonais do metano – com níveis do gás subindo e descendo (em padrões cíclicos e consistentes) durante os verões e invernos marcianos. O rover passou três anos analisando a composição da atmosfera marciana para comprovar isso.

Como o metano é um gás que não dura muito tempo na atmosfera, as amostras encontradas só poderiam ter saído de um reservatório que ficasse no próprio Planeta Vermelho. Isso abriu margem para especulações: e se o gás estivesse emanando de micróbios marcianos? A explicação mais sem graça (e mais provável), porém, alegava que uma reação química entre rochas inanimadas originou o gás.

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Apenas as informações do Curiosity indicavam a existência concreta desse gás na atmosfera marciana, por isso os dados ainda eram vistos com cautela por boa parte da comunidade científica.

Até agora. Uma equipe do Instituto Nacional de Astrofísica de Roma (INAF) resolver recorrer à já conhecida sonda Mars Express, que fica na órbita de Marte, para procurar outras evidências (além das do robozinho da Nasa) de metano no planeta.

Os cientistas usaram um equipamento chamado espectômetro planetário de Fourier (PFS) para procurar metano dentro e ao redor da cratera de Gale no período de dezembro de 2012 a julho de 2014. O instrumento detectou o gás apenas uma vez: em 16 de junho de 2013 – não por coincidência, exatamente no mesmo dia em que o Curiosity fez a sua detecção. Os resultados foram apresentados no periódico Nature Geoscience.

De acordo com um comunicado da ESA, é a primeira vez na história da exploração espacial que uma sonda confirmou uma medição feita por outra sonda que não tinha nada a ver com a história. Isso é ciência extremamente épica.

A correlação de fontes diferentes prova que o pico de metano de fato ocorreu. “Antes do nosso estudo, nenhuma detecção de metano em Marte, seja in situ, da órbita ou de telescópios baseados na Terra, havia sido confirmada por outras observações independentes.” disse Marco Giuranna, um dos autores do estudo.

Os pesquisadores foram mais além: geólogos do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia de Roma e do Instituto de Ciências Planetárias em Tucson, Arizona, examinaram a região ao redor da cratera em busca de fissuras por onde o gás poderia estar saindo.

Depois de várias análises, a hipótese mais plausível reafirma algo que os cientistas já suspeitavam: o gás provavelmente foi liberado próximo a própria cratera Gale. A fonte é um lençol de metano congelado que fica no subsolo abaixo da cratera.

“A simulação atmosférica e a avaliação geológica, realizadas independentemente uma da outra, sugeriram a mesma região de proveniência do metano, que está situado 500 km a leste da Gale”, disse Giuranna. O local, conhecido como Aeolis Mensae, tem uma série de falhas geológicas – por onde o metano poderia sair.

Esses resultados apoiam a ideia de que a libertação de metano em Marte é caracterizada por eventos geológicos pequenos e transitórios, e não uma fonte global, que reabastece o gás constantemente.

 

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