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Jato d’água em lua de Júpiter reforça esperanças de vida fora da Terra

Gêiser de 190 km de altura que atingiu sonda espacial Galileu em 1997 é sinal de que a lua Europa pode ser amigável a micróbios extraterrestres

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 Maio 2023, 15h29 - Publicado em 15 Maio 2018, 11h21

A superfície de Europa, um dos principais satélites de Júpiter, é um interminável manto de gelo encardido. Por baixo dessa casca rígida e fria, porém, astrônomos apostam que se esconde um vasto oceano alienígena. Não é pouca água, que fique claro: de acordo com uma das hipóteses levadas a sério pela Nasa, a parte líquida pode ter 100 km de profundidade – ou seja, ser nove vezes mais profunda que a fossa das Marianas, no Pacífico, com 11 km.

Isso torna Europa, que é mais ou menos do tamanho da nossa Lua, uma ótima candidata a abrigar vida como a conhecemos, mesmo que microscópica. Um artigo científico publicado na Nature, baseado em dados coletados pela sonda espacial Galileu, reforça ainda mais essa esperança.

A Galileu passou oito anos na órbita de Júpiter. Em 16 de dezembro de 1997, durante uma visita ao satélite gelado, seus instrumentos detectaram flutuações violentas em variáveis como campo magnético e densidade de plasma (moléculas de gás ionizado). Todo mundo percebeu que a nave foi atingida por alguma coisa, mas à época, ninguém soube especificar o quê.

Vinte anos depois, ainda em busca da resposta, o cientista planetário Xianzhe Jia, da Universidade de Michigan, simulou no computador fenômenos naturais que fossem capazes de gerar oscilações similares às detectadas pelos instrumentos da sonda. Ele concluiu que a melhor explicação para o susto seria uma erupção de vapor e água quente monumental, com 190 km de altura. Em outras palavras, a misteriosa anomalia captada pela Galileu nada mais foi do que ela tomando uma ducha nos maiores gêiseres do Sistema Solar – chamados de “plumas”.

Essas erupções de H2O não chegam a ser novidade: em 2016, o telescópio espacial Hubble já havia tirado uma foto de baixíssima definição de uma delas. “O oceano de Europa é considerado um dos lugares mais promissores para abrigar vida no Sistema Solar”, afirmou, à época, o pesquisador Geoff Yoder, da NASA. “Essas plumas, se existirem mesmo, podem fornecer outro meio de coletar amostras da água que está abaixo da superfície.” Na verdade, o único: ainda não temos a tecnologia necessária para perfurar 15 mil metros de gelo em um astro tão distante – se quisermos um copo d’água joviano, ele terá que sair do chão por conta própria.

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Se é que existe vida em Europa, ela certamente se esconde perto das fissuras hidrotermais que existem no fundo de seus oceanos, onde a temperatura é suportável graças à atividade vulcânica  e onde, naturalmente, se originam os gêiseres. É lá que a missão não-tripulada Clipper, que decola em junho de 2022, deverá concentrar seus esforços de coleta de amostras.

“Se as plumas estiverem mesmo lá e nós pudermos coletar amostras do que há no interior de Europa, então finalmente saberemos se ela tem os ingredientes necessários para a vida”, afirmou em comunicado da NASA Robert Pappalardo, um dos responsáveis pela missão. “Esses novos resultados fazem as plumas parecerem muito mais reais. Elas não são mais pontinhos borrados em uma imagem distante [do Hubble].” Alienígenas, aqui vamos nós.

 

 

 

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