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Gatos que têm garras cortadas são mais agressivos e desobedientes

Eles têm mais dificuldade em fazer xixi no lugar certo – e mordem mais seus donos.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 11 mar 2024, 15h05 - Publicado em 23 Maio 2017, 18h50

Onicectomia. Esse é o nome do procedimento realizado para cortar fora as unhas dos felinos. Como em um ambiente doméstico essas garras significam uma real ameaça para sofás e almofadas, a técnica já foi muito empregada pelos donos dos bichanos. Prática hoje ilegal em vários países (desde 2008, no Brasil) e contra-indicada pelos veterinários, a retirada das unhas dos gatos também pode explicar seu comportamento agressivo ou desobediente. É o que diz um estudo publicado no periódico Journal of Feline Medicine and Surgery.

Para fazer essa associação, os pesquisadores analisaram 274 mascotes – metade deles sem as unhas e a outra parte ainda armados com suas garras. Do grupo sem unhas, 33 não possuíam garras nas quatro patas. É comum que se preserve as patas traseiras, já que não oferecem o mesmo risco que as da frente.

Os donos responderam perguntas sobre o comportamento de seus felinos, para verificar o histórico de cortinas rasgadas e móveis arranhados que cada animal possuía. Os cientistas se guiaram também por dois fatores: se eles aparentavam sentir dor e se tinham hábitos como lamber ou mastigar demais seus pelos.

No duelo entre a presença e a ausência de garras, se deram pior os animais que passaram pela cirurgia. Eles se mostraram sete vezes mais desobedientes em relação a hábitos como fazer suas necessidades no lugar certo. Além disso, eram quatro vezes mais mordedores, três vezes mais agressivos e comiam ou lambiam os próprios pelos numa frequência três vezes maior que os outros animais.

Eles registraram, também, três vezes mais chance de ter dores nas costas do que os outros que ainda possuem garras. Isso porque a cirurgia diminui a altura do bicho. Os pesquisadores acreditam que isso faz com que eles passem a ter que se locomover mais curvados, além de, por conta da dor, terem de forçar mais a região da pélvis para tirar o peso do corpo sobre as patas operadas. Isso que torna as superfícies mais macias, como o carpete da sua sala, um lugar melhor para andar – e fazer as necessidades – do que o quintal.

Esse tipo de dor prolongada, segundo os cientistas, pode ser a explicação para o fato de os gatos serem menos preocupados com essas obrigações formais. As mordidas e o comportamento mais agressivo também entram nessa conta: são uma alternativa de defesa razoável ante a falta de garras. Além do que, ser cordial e tolerante enquanto seu corpo lateja de dor não é mesmo das tarefas mais fáceis.

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