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Fóssil com formato de taco mexicano revela segredos evolutivos dos artrópodes

Esse camarão ancestral tinha mandíbulas que filtravam comida e olhos de predador, e provavelmente pavimentou o caminho para a evolução dos artrópodes.

Por Eduardo Lima
26 jul 2024, 10h00
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  • Uma reconstrução de um fóssil com uma concha semelhante a um taco mexicano.
     (Danielle Dufault/Reprodução)

    Cerca de 70% dos animais na Terra são artrópodes com mandíbulas, às vezes em formato de pinça. Isso inclui todos os tipos de centopeias, abelhas, camarões e caranguejos que você possa imaginar. Mas como esses organismos se tornaram tão diversos a ponto de conquistar o planeta nos últimos 500 milhões de anos? Talvez um camarão ancestral com casco no formato de um taco mexicano possa explicar.

    Há cerca de 508 milhões de anos, no meio do período Cambriano, uma criatura conhecida como Odaraia alata vivia nos rasos oceanos pré-históricos. Esse animal é comparado por paleontólogos aos nossos camarões modernos e tinha 20 centímetros de comprimento – relativamente grande para sua época.

    Os camarões ancestrais tinham um casco num formato semelhante a um taco mexicano que o ajudava a se impulsionar pelas águas, às vezes até de cabeça para baixo. Fósseis desses cascos-tacos foram analisados, e as descobertas sobre eles foram publicadas na revista científica Proceedings of the Royal Society B.

    O novo estudo apresenta as primeiras evidências sólidas de que o Odaraia alata tinha mandíbulas e provavelmente coletava comida no mar aberto, e não só no fundo do mar, como se imaginava. Essas informações preenchem buracos no nosso conhecimento evolutivo, explicando o estabelecimento das teias alimentares marinhas.

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    Mistério fóssil

    O Odaraia alata é um mistério para os paleontólogos há mais de um século. Em 1912 e em 1981, os cientistas tentaram propor que o camarão ancestral tinha mandíbulas para filtrar as comidas, mas não havia evidências fósseis para sustentar a ideia.

    Inspirado pelo estudo de 1981, o paleontólogo Alejandro Izquierdo López, da Universidade de Toronto, liderou uma equipe que analisou 150 espécimes de Odaraia alata da coleção do Museu Real de Ontário. 24 fósseis em condições excelentes de preservação foram selecionados para mais estudos.

    A análise descobriu detalhes sobre a cabeça e as pernas do animal. Essas partes normalmente não sobrevivem ao soterramento geológico. Felizmente, os fósseis foram encontrados no Folhelho Burgess, um sítio no Canadá com taxas altíssimas de preservação das partes moles dos corpos dos fósseis.

    Pioneiro na culinária artrópode

    Os fósseis tinham as mandíbulas claramente delimitadas, com seus pequenos dentes conservados. Entre as mandíbulas havia um único dente, separado de tudo, provavelmente usado para ajudar a moer comida. “Parecia um tridente”, López contou ao New York Times.

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    Outra descoberta sobre o Odaraia alata é que suas pernas eram cobertas por dúzias de espinhos grandes e centenas de pequenos espinhos. Elas provavelmente se interligavam para formar algo parecido com uma rede de pesca, usada para capturar plânctons e outras presas de até um centímetro de comprimento.

    Seus olhos eram grandes em relação ao seu corpo – entre os maiores do período Cambriano. Essa é uma característica comum de predadores. As descobertas, então, apontam para um animal que provavelmente era um misto de filtrador com predador. Essa flexibilidade pode ter possibilitado o sucesso evolucionário de outros artrópodes com mandíbula, explicando o porquê deles serem tão comuns até hoje.

    Os artrópodes podem ter perdido o casco-taco, mas têm mantido essa forma de alimentação por meio bilhão de anos.

    Falando em alimentação, e um banquete pré-histórico de frutos-do-mar? Os tacos do oceano cambriano provavelmente tinham bastante carne. Fosse cozinhar o Odaraia alata, o especialista López apostaria no básico: “eu faria algo com salsa e alho”.

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