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Fechar os olhos nos ajuda a entender os sentimentos do outros

Para ser um bom ombro amigo, vale a pena abrir mão do visual – e focar toda atenção na voz de quem desabafa

Por Guilherme Eler
11 out 2017, 19h32

Você tem o hábito de emprestar o ouvido para seus amigos? Às vezes, só ceder o ombro para alguém desabafar pode ser mais eficaz que qualquer terapia. Para que a próxima sessão gratuita seja mais proveitosa, vale a pena fechar os olhos e focar somente na voz de quem conta o problema. Foi o que descobriu um novo estudo da Universidade Yale, nos EUA. Não contar com estímulos visuais ajudou as cobaias a entender melhor o que outras pessoas estavam pensando e sentindo.

Os testes envolveram a participação de quase 1800 pessoas, e fizeram os voluntários se avaliarem entre si, a partir de uma escala de emoções. No primeiro momento, 266 pessoas que não se conheciam foram divididas em pares e, então, colocadas para fazer atividades conjuntas – como discutir filmes e programas de TV, comer e beber.

As situações foram repetidas em dois cenários: um quarto com luz ambiente e outro em que as luzes estavam apagadas. Depois, eles precisavam avaliar como foi a experiência, com a ajuda da escala. Aqueles que ficaram no escurinho se deram melhor, mostrando uma sinergia maior com seu mais novo amigo desconhecido. 

Outra etapa recrutou cerca de 600 voluntários, que foram colocados para assistir a três tipos de vídeo. Cada um deles mostrava uma mulher em três situações distintas: no primeiro, ela estava em uma sala bem iluminada. No outro, dava para ouvir a cena e ver o que rolava graças à tecnologia de visão noturna, porque estava tudo escuro. No terceiro, gravado também em uma sala escura, só dava para ouvir o áudio da conversa. De acordo com os resultados, as cobaias mostraram mais facilidade em entender as emoções de quem ouviam apenas a voz.

“Humanos são muito bons em usar seus sentidos para transmitir emoções, mas a pesquisa sobre essas emoções, historicamente, foi focada exclusivamente em entender expressões faciais”, explicou Michael Kraus, autor do estudo, em entrevista ao The Guardian. “Nosso estudo sugere que depender da combinação de estímulos vocais e faciais, ou só respostas faciais, não é necessariamente a melhor estratégia para reconhecer as emoções e intenções dos outros”, explicou, em comunicado. Ou seja: aquela história de “ir com a cara” de alguém, no fim das contas, acaba sendo só força de expressão. Se o papo for bom, você não precisará nem ver o rosto da outra pessoa para criar uma identificação com ela.

O estudo foi publicado no jornal American Psychological Association.

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