O que faz homens e mulheres terem cheiros diferentes?
As primeiras soltam um líquido que serve apenas para resfriar o corpo.
José Augusto Lemos / Adriano Sambugaro / Meire Cavalcante
É o suor e sua interação com os hormônios, mas a questão – que encerra uma das chaves da atração sexual – envolve uma química mais complexa. O cheiro masculino, por exemplo, é mais intenso devido aos homens terem mais pêlos, que estimulam tanto a produção de suor quanto de odor. Já o aroma feminino característico concentra-se na região genital, por causa da sua lubrificação constante e do fato de o interior da vagina ser mais ácido, para proteger a mucosa. Além disso, existe grande concentração de glândulas sudoríparas na virilha e na vulva. O papel principal nessa história toda é justamente dessas glândulas produtoras do suor. Existem dois tipos: écrinas e apócrinas. As primeiras soltam um líquido que serve apenas para resfriar o corpo. Já as apócrinas liberam uma secreção leitosa, que é a verdadeira responsável pelos cheiros do corpo humano.
“Essa secreção, que tem a função de manter a pele hidratada e contém gordura, é um alimento rico para as bactérias, que se aproveitam do calor e da umidade de certas regiões do corpo para proliferar, causando cheiros fortes”, afirma o dermatologista Luís Antônio Torezan, de São Paulo. O odor feminino também é atribuído aos chamados ácidos alifáticos, substâncias gordurosas presentes no suor e na secreção vaginal. Estudos comprovaram que esses ácidos são uma forte isca sexual entre os primatas. Um exemplo divertido é a famosa carta de Napoleão Bonaparte à sua amada Josephine, avisando que chegaria do campo de batalha em poucos dias e pedindo para ela parar de se banhar, para deixar bem concentrado seu aroma natural. Mas o mais incrível nesse setor da bioquímica erótica são os feromônios, hormônios que produzem aromas que não são percebidos conscientemente, mas que, no mundo animal, regulam a atração que leva ao acasalamento.
Entre os humanos, fatores sociais e culturais pesam mais que os feromônios, mas eles não deixam de ter efeitos curiosos: mulheres que dormem ao lado de um homem tendem a menstruar e ovular mais regularmente; ao mesmo tempo em que, neste homem, a barba cresce mais rápido.
Um lance de pele
Existem dois tipos de glândulas que produzem suor, mas só uma delas é responsável pelos odores do corpo
1. As glândulas sudoríparas se dividem em écrinas e apócrinas. As écrinas produzem um líquido incolor e inodoro, cuja composição é 99% água, que serve basicamente para resfriar o corpo – por isso, são uniformemente espalhadas por toda a nossa pele
2. O líquido leitoso produzido pelas glândulas apócrinas é levado naturalmente para o folículo piloso (base do pêlo) – por isso, regiões do corpo com mais pêlos costumam ter cheiro mais forte. Os feromônios, hormônios aromáticos que regulam a atração sexual, também são liberados por essas glândulas
3. Diferentemente das écrinas, a maioria das glândulas apócrinas se concentra nas axilas, no rosto, nos mamilos, na genitália e no ânus. Elas liberam uma secreção leitosa, formada por açúcares, gordura, proteínas e amônia – combinação que é um prato cheio para as bactérias, cuja proliferação é a verdadeira responsável pelo cheiro típico do suor
Identidade bioquímica
Hormônios definem passagem para idade adulta
DE MENINO A HOMEM
Os testículos produzem testosterona, o hormônio sexual masculino. É ele que, na puberdade, faz a voz ficar grave, a massa muscular aumentar e os pêlos crescerem. Nessa fase, as glândulas apócrinas (veja acima) também se desenvolvem – o que acontece igualmente nas mulheres, mesmo sem testosterona
DE MENINA A MULHER
Os ovários produzem progesterona, o hormônio sexual feminino. É ele que, na puberdade, faz crescer seios e pêlos e desencadeia a menstruação. Nessa fase, o progesterona avisa o cérebro de que pode iniciar a produção de feromônios, os hormônios aromáticos que atuam na atração sexual. Nos homens, isso também acontece, mesmo sem progesterona