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ESA faz manobra para desviar de satélite da SpaceX

Agência espacial europeia precisou agir para que satélite Aeolus não colidisse com satélite de internet de Elon Musk. E esta não deverá ser a última operação do tipo.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 3 set 2019, 19h56 - Publicado em 3 set 2019, 19h53

Lembra do plano mirabolante de Elon Musk de lançar 12 mil pequenos satélites para levar internet de alta velocidade a qualquer lugar do planeta? Bem, ele mal começou e já está criando encrencas. Primeiro foi com os astrônomos; agora, com a agência espacial europeia. Um dos 60 orbitadores iniciais da constelação (nome dado a um grupo de satélites operando em conjunto) Starlink quase se chocou contra um satélite climático da ESA. Por pouco, ambos não se espatifaram no espaço.

Na última segunda-feira (2), os controladores da missão científica Aeolus, lançada há um ano com o objetivo de aprimorar previsões meteorológicas, tiveram de realizar uma manobra de emergência para evitar que o satélite colidisse com o roteador Wi-Fi orbital de Musk número 44. Como informou a ESA pelo Twitter, a equipe teve de acionar os motores para ganhar um pouco de altitude e escapar do pequeno integrante da Starlink. Ele estava um pouco mais baixo do que deveria para praticar como desorbitar.

Segundo a agência, esta foi a primeira vez que precisou usar seu mecanismo “salva-vidas” para desviar de um satélite pertencente a uma megaconstelação. Outras empresas de telecomunicações têm planos de construírem suas próprias “Starlinks” — e é aí que a coisa pode ficar de fato perigosa. Algumas dezenas de satélites já põem em risco missões científicas valiosas. Agora, imagine dezenas de milhares.

Se fosse só isso, até que estava tranquilo. Mas as agências e empresas detentoras de objetos espaciais têm bem mais com que se preocupar: os nada menos que 900 mil pedacinhos de lixo espacial maiores que 1 centímetro em órbita. Apesar de pequenos, uma eventual colisão pode arruinar completamente um satélite funcional, colocando um ponto final em sua missão científica ou operação comercial.

Normalmente, as manobras para evitar impactos são para desviar desses detritos — e mesmo assim são incomuns. Ter de escapar de uma megaconstelação é algo totalmente novo e raro. Segundo a ESA, donos de satélite pelo mundo já gastam €14 milhões por ano com esse procedimento. Em 99% das vezes, trata-se de um alarme falso. Com a órbita terrestre cada vez mais parecida com a Marginal Tietê às 18h, a situação só vai piorar. Mas a ESA tem um plano.

Hoje é tudo manual: cabe ao olho humano identificar eventuais ameaças e disparar o comando para evitá-las. Para tornar o processo mais eficiente, os europeus querem automatizá-lo com urgência. É parte das ações de segurança espacial que a agência está desenvolvendo. Com a criação de sistemas de inteligência artificial, será possível emitir alertas, calcular órbitas com precisão e lidar com os riscos. Tudo no piloto automático. Só assim para escapar do engarrafamento orbital do futuro.

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