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Empresa israelense consegue “cultivar” carne no espaço pela primeira vez

Usando técnicas de cultivo de células e impressoras 3D, a Aleph Farms reproduziu um tecido muscular de vaca – e espera poder comercializá-lo em alguns anos.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 8 out 2019, 19h34 - Publicado em 8 out 2019, 19h33

Como você prefere a sua carne? Mal passada? Ao ponto? E que tal “cultivada em laboratório em condições de microgravidade”?

Ok, é bem provável que o garçom do rodízio não falará algo do tipo tão cedo. Mas, se depender da Aleph Farms, empresa israelense de tecnologia alimentar, a maneira como consumimos carne poderá mudar daqui a alguns anos.

Na última segunda (7), a companhia anunciou que ela conseguiu, pela primeira vez, cultivar carne em laboratório fora da Terra – mais especificamente, na Estação Espacial Internacional (ISS). Veja o vídeo (em inglês) divulgado pela empresa:

Você provavelmente está pensando: “Cultivar carne? Mas o que isso significa?”. Calma, a gente explica. O método da Aleph consiste em algumas etapas. Primeiro, os cientistas retiram células de vacas e as colocam em uma colônia de cultivo, alimentando-as com nutrientes.

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O ambiente é controlado para que simule o interior do corpo do animal. Conforme as células vão se desenvolvendo, os tecidos musculares aparecem. Daí, os cientistas trabalham para que se chegue ao produto final: um pedaço de bife 100% comestível.

O feito já havia sido anunciado pela Aleph em dezembro de 2018 – ainda que a própria empresa tenha admitido que o sabor da carne precisava ser aprimorado. A justificativa para o novo teste foi que, dessa maneira, eles mostram que é possível cultivar a carne em qualquer ambiente, sob quaisquer condições – além claro, de poder dizer que eles foram para o espaço.

Para realizar a façanha fora da atmosfera, a Aleph trabalhou em conjunto com a 3D Bioprinting Solutions, uma empresa russa de bioimpressão. Na Estação, eles usaram uma bioimpressora 3D para criar um tecido muscular em pequena escala de carne bovina, feito sob condições de microgravidade – dentro da ISS, a gravidade não chega a ser zero (mas chega perto).

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A expectativa da Aleph é que os seus produtos comecem a ser comercializados nos próximos três ou quatro anos. Ela se junta ao grupo de empresas que buscam o crescente mercado de carnes cuja produção não mate animais e nem cause danos ao meio ambiente, como desperdício de água e emissões de gases do efeito estufa.

Exemplos: a Mosa Meats, da Holanda, e a norte-americana Memphis Meats são outras que também querem comercializar a carne “in vitro“. A Memphis, por exemplo, recebeu investimentos até de Bill Gates, fundador da Microsoft. Além delas, há companhias que criam carne com proteína de origem vegetal, como a Beyond Meats e a Impossible Foods, cujos hambúrgueres já são vendidos em redes de fast-food como McDonald’s e Burger King.

Ao mesmo tempo em que a demanda por carnes (de boi, carneiro e ovelha) vai crescer globalmente em até 88%, estudos recentes mostram que americanos e europeus precisarão cortar o consumo de carne animal em até 40%. Por que? Se isso não for feito, não será possível suprir a necessidade esperada para 2050, quando a Terra terá 10 bilhões de pessoas.

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Haja hambúrguer – seja qual for sua origem.

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