Revista em casa por apenas R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Dragão-de-komodo entra na lista de espécies em perigo de extinção

O maior lagarto do mundo é um predador voraz e vive em áreas de conservação – mas nem ele consegue escapar da caça ilegal e dos efeitos da crise climática.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 14 set 2021, 17h39 - Publicado em 14 set 2021, 17h34

Os dragões-de-komodo são animais fascinantes. Nativos do leste da Indonésia, eles podem chegar a três metros de comprimento e pesar 135 quilos – o que lhes garante o título de maior lagarto do mundo. Mais traços dignos de um Godzilla: escamas resistentes, saliva altamente venenosa e a capacidade de detectar presas a quilômetros de distância (algumas fêmeas, inclusive, comem os próprios filhotes). Até o nome científico (Varanus komodoensis) impõe respeito, convenhamos.

Contudo, todas essas características não os isentam de sofrer os efeitos da crise climática. Na última semana, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês) mudou a classificação do dragão-de-komodo em sua lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção. O animal passou de “vulnerável” para “em perigo”.

Criado em 1948, o IUCN é filiado à Unesco. A lista vermelha da organização existe desde 1964 e é um dos principais indicadores sobre a conservação animal do planeta – já são quase 135 mil espécies avaliadas; dessas, 35 mil estão ameaçadas.

A lista vermelha da IUCN possui sete categorias principais. A classificação anterior do dragão-de-komodo (“vulnerável”, ou “VU”), é bom ressaltar, já colocava a espécie como ameaçada.

Sua classificação atual (“EN”, de “endangered”) é a última antes dos piores níveis: criticamente em perigo, extinto na natureza (EW, quando o animal só existe em cativeiro) e totalmente extinto. Confira:

Continua após a publicidade

.

Ameaças por todos os lados

Os dragões-de-komodo surgiram na Austrália e só depois se espalharam para a Indonésia. Na terra dos cangurus, pesquisadores encontraram fósseis da espécie que datam de 300 mil a 4 milhões de anos atrás. Mas foi só em 1910 que ele foi documentado pela primeira vez, quando exploradores holandeses encontraram a espécie na ilha de Flores, no leste da Indonésia.

Hoje, os dragões habitam, principalmente, o Parque Nacional de Komodo, patrimônio da Unesco desde os anos 1990 e que abrange dezenas de ilhas do país asiático. A população da espécie é de 1.380 indivíduos, além de cerca de dois mil filhotes – 25 anos atrás, o número era maior: entre cinco e oito mil dragões.

Continua após a publicidade

O principal motivo que coloca esses animais em risco é a crise climática. O dragão-de-komodo vive apenas na faixa de terra entre o litoral e as colinas florestadas das ilhas da Indonésia. Com o aquecimento global (e o consequente aumento do nível dos oceanos), estima-se que o habitat deles vá diminuir 30% nos próximos 45 anos.

Outras ações humanas também contribuem para a contração da espécie. Em Flores, os dragões-de-komodo são ameaçados pela expansão agrícola e pela urbanização. Por lá, eles ainda precisam competir com os moradores por presas como veados e javalis – e os habitantes os vêem como ameaças para o gado e outros animais.

Como salvá-los?

Em entrevista ao jornal The New York Times, o biólogo Gerardo Garcia, que estudou os dragões-de-komodo na Indonésia por uma década, fez uma analogia entre a nova classificação da IUCN com “entrar em uma sala de emergência” – a última etapa antes da UTI de fato. “Ainda temos um pouco de tempo [para salvá-los]“, disse.

Continua após a publicidade

O novo rótulo de “espécie em perigo” serve como alerta para que autoridades e entidades de conservação criem políticas mais rígidas para preservar a espécie, tanto em áreas não-protegidas quanto no próprio Parque Nacional. Em 2020, a ilha de Komodo, uma das maiores do parque, foi fechada para visitação. Motivo: os dragões estavam sendo contrabandeados. Os ladrões usam o sangue do bicho para produzir antibióticos “artesanais” (que não funcionam, diga-se).

Se nada for feito, a última esperança dos dragões-de-komodo seria um programa de reprodução em cativeiro em conjunto com tentativas de inseri-los em outros habitats selvagens, menores e fragmentados. Mas os especialistas esperam que não se chegue a esse ponto.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.