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Descoberta família de corujas com 2 mães e 1 pai

É o primeiro caso de poligamia já registrado entre corujões-orelhudos – que normalmente são caçadores solitários

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 Maio 2018, 17h13 - Publicado em 10 Maio 2018, 17h11

Em 15 de março de 2018 começou uma transmissão ao vivo peculiar no YouTube: por algumas semanas, uma câmera passou 24 horas por dia filmando o refúgio de um casal de corujas. O motivo? Bem, os dois pássaros moravam felizes no topo de uma pedra em Reno, em Nevada, no interior dos EUA – bem em frente à janela do escritório do cientista Jim Thomas. Até que ele que notou um estranho no ninho. Ou, para ser mais preciso, uma estranha.

Uma fêmea desconhecida surgiu do nada, se uniu ao casal e botou três ovos a poucos centímetros de distância dos dois que já estavam lá. Assim que os bebês nasceram (infelizmente, só dois vingaram), as duas fêmeas começaram a criá-los em dupla, quase sem atritos. O macho também não fez distinções: trouxe ratos, coelhos e outras refeições apetitosas que eram divididas com toda a família.

Como o corujão-orelhudo (Bubo virginianus) é monogâmico, a notícia foi recebida com surpresa entre ornitólogos – biólogos especialistas em pássaros. O especialista canadense Christian Artuso afirmou à National Geographic que os membros dessa espécie preferem famílias pequenas por causa do estilo de vida que levam: caçadores nem sempre podem garantir que vão voltar para casa com uma refeição generosa, então é melhor ter menos bocas para alimentar. Há casos de poligamia entre outras espécies de coruja na literatura científica, mas são raros.

Há duas maneiras de explicar o comportamento: uma é que as fêmeas tenham se dedicado a criar os dois filhotes em dupla simplesmente porque não tinham como comprovar quem era filho de quem – não existe Programa do Ratinho na natureza para fazer teste de maternidade. De fato, os dois filhotes que vingaram eram de só uma delas – o que significa que a outra, do ponto de vista evolutivo, foi feita de trouxa: gastou energia investindo em genes que não eram seus.

Outra boa hipótese é que as fêmeas fossem parentes – mãe e filha, ou irmãs. Sem testes de DNA, nunca saberemos. O que importa é que as corujinhas estão crescendo saudáveis, e na última semana de abril a mais corajosa delas tentou voar pela primeira vez (o pouso foi um sucesso). Logo elas vão atingir a maturidade e sair de casa – e aí os três adultos poderão curtir a poligamia inédita em paz.

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