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Corvos conseguem contar em voz alta que nem os humanos, revela estudo

As aves, conhecidas pela sua inteligência, podem ajudar cientistas a entender as raízes evolutivas do pensamento matemático em seres vivos.

Por Eduardo Lima
24 Maio 2024, 16h00

Não consegue dormir e precisa contar carneirinhos? Você pode pedir ajuda para um corvo. Um experimento revelou que esses animais fazem algo que se imaginou que só humanos conseguiam: contar em voz alta.

(Ok. Talvez vocês não consiga dormir por causa do barulho da ave. Mas vai ter uma noite bem interessante.)

Emitir um número certo de vocalizações em sequência é uma atividade complexa, mas os corvos fizeram jus à sua reputação de animais inteligentes e arrasaram no teste, demonstrando muita flexibilidade cognitiva.

O estudo, publicado na revista Science, aponta para novos jeitos de entender como surgiram as habilidades matemáticas do ser humano. Estudar as relações de outros animais com os números pode ser um caminho para entender o nosso apreço por eles.

Corvos podem fazer contas?

Três gralhas-pretas, da espécie Corvus corone, foram as cobaias do experimento. Elas já eram treinadas para fazer barulho sob comando. Depois disso, a próxima fase consistiu em exposição constante, durante meses, às imagens de algarismos numéricos, associados ao número de grasnadas que os corvos deveriam emitir, e depois foram expostos a efeitos sonoros associados a números diferentes.

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No teste, eles deveriam responder com o número correto de vocalizações às deixas visuais ou auditivas que lhes eram apresentadas e bicar um botão para mostrar que tinham acabado sua resposta. Quando os corvos acertavam, recebiam aperitivos de sementes e minhocas como recompensa.

As aves acertaram a maioria das vezes, muito acima do que poderia ser atribuído à sorte. Os pesquisadores começaram a comparar esses acertos e perceber que eles conseguiriam prever o número de grasnidos emitidos com base no som do primeiro barulho, que era diferente dependendo de quantos números seriam contados. Isso só deixa mais claro que havia um processo cognitivo por trás, e não só uma repetição mecânica.

Algumas vezes, eles até começavam com o barulho indicando a quantidade de sons certa, mas se perdiam no meio do caminho, como uma criança brincando de esconde-esconde que pula alguns números para chegar logo no fim. Mesmo assim, a taxa de acertos superava os erros.

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O entendimento que os corvos têm dos números é bem diferente do nosso. Eles não pensam nos números de forma simbólica. Por mais que consigam contar, eles não conseguiriam resolver uma fórmula de Bhaskara ou mesmo uma conta de adição, claro. Mesmo assim, essa contagem rudimentar das aves pode representar um precursor evolutivo da nossa matemática.

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