Conheça a lagosta-das-árvores, um dos insetos mais raros e bizarros do mundo
Por 80 anos, acreditou-se que esse tipo de bicho-pau já estava extinto. Mas, em 2001, uma população de apenas 24 exemplares foi descoberta num rochedo no Oceano Pacífico. E agora já há cerca de 1.000 deles em zoológicos do mundo.
Um inseto que se parece com uma lagosta, que vive num rochedo que se parece com uma pirâmide, e que por 80 anos pareceu irreversivelmente extinto. Tudo na história do gigantesco Dryococelus australis, popularmente conhecido como “tree-lobster” (lagosta-das-árvores), é surreal.
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O inseto existe na natureza em apenas um lugar do mundo: a ilha de Lord Howe, que fica no Mar da Tasmânia, entre a Austrália e a Nova Zelândia, onde era usado pelos pescadores como isca. Mas aí, em 1918, um navio de carga escocês chamado SS Mokambo, ancorou na ilha para reparos. Enquanto ele estava na oficina, alguns passageiros inconvenientes resolveram deixar o barco: ratos negros, trazidos do Reino Unido. Os ratos desembarcaram na ilha e adoraram a comida do Pacífico Sul. O resultado foi um desastre ambiental, com várias aves e plantas sendo exterminadas. Os ratos gostaram especialmente de comer esse apetitoso inseto, que tem o tamanho da palma de uma mão e um corpo suculento que lembra muito o de uma lagosta. Como a lagosta-das-árvores não existia em nenhum outro lugar do mundo, eles foram considerados extintos em 1920. Só se sabia da existência do estranho inseto por causa de alguns exemplares que foram preservados em coleções de museus.
Aí, em 2001, a história deu uma reviravolta. Uma pequena expedição científica foi feita a um rochedo inóspito na costa da ilha: a Pirâmide de Ball, uma montanha de 500 metros de altura, sem nenhuma fonte de água doce e com quase nenhuma vegetação. E o improvável aconteceu: 80 anos depois da suposta extinção, eles encontraram 24 exemplares vivos de lagostas-das-árvores, todos habitando um único arbusto. Toda a população mundial do inseto vivia numa só arvorezinha, perdida entre as rochas de uma ilhota quase inacessível, mais alta que o Empire State Building, a salvo dos gulosos ratos negros. Data dessa época o apelido da lagosta-das-árvores: “o inseto mais raro do mundo”.
Em 2003, cientistas australianos voltaram à Pirâmide de Ball e coletaram dois casais. Um deles foi parar no Zoológico de Melbourne, onde os pesquisadores conseguiram fazê-los reproduzir – centenas de “lagostas” nasceram e começaram a ser enviados para outros zoológicos da Austrália e do mundo. Esta semana, o Zoológico de San Diego, na Califórnia, anunciou que, depois de muitas tentativas frustradas, também conseguiu gerar filhotes do bizarro inseto: é a primeira vez que uma lagosta-das-árvores nasce nas Américas.
A lagosta-das-árvores é um bicho-pau turbinado, que mede até 15 centímetros e pode pesar mais que 25 gramas. Sua população nos zoológicos do mundo já ultrapassou os 1.000 exemplares – o que não o tira da lista de animais ameaçados de extinção, mas é suficiente para que ele perca o título de inseto mais raro do mundo. Agora os cientistas fazem planos para exterminar os ratos negros da ilha de Lord Howe, para que o inseto possa finalmente voltar para casa, tantas décadas depois.
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