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Cogumelo venenoso se reproduz mais rápido do que os cientistas imaginavam

Até agora, pesquisadores não sabiam que o mortal cicuta-verde se reproduzia de forma assexuada - o que facilita sua proliferação.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 13 fev 2023, 17h43 - Publicado em 13 fev 2023, 17h42

O cicuta-verde (Amanita phalloides), também chamado de chapéu-da-morte, é uma das espécies de fungo mais mortais conhecidas – é estimado que metade de um cogumelo contenha toxinas suficientes para matar um humano adulto. Ele é originário da Europa, mas pode ser encontrado na Ásia, Austrália e Américas.

Por ser visualmente parecido a cogumelos inofensivos e utilizados na gastronomia, o cicuta-verde é responsável por muitos envenenamentos e mortes. Os sintomas chegam depois de 6 a 12 horas da ingestão e podem incluir náuseas e vômitos, convulsões, coma e a morte.

Pesquisadores descobriram que a espécie se reproduz de uma forma diferente da que eles conheciam; e isso permitiu que ela se espalhasse por lugares novos de forma rápida e fácil. O estudo mostrou que os A. phalloides não estão presos à reprodução sexuada, e podem produzir esporos usando os cromossomos de um único indivíduo.

Baseados nos genomas de 86 cogumelos, coletados na Califórnia desde 1993 e em partes da Europa desde 1978, os pesquisadores encontraram pares de espécimes com materiais genéticos idênticos em diferentes lugares e em diferentes anos.

A reprodução sexuada é caracterizada pela troca de genes, permitindo que espécies evoluam, se adaptem e conquistem maior variabilidade genética. É o que acontece com seres humanos e mamíferos, por exemplo: os gametas dos pais se combinam para formar um indivíduo novo e único, a partir de uma mistura do material genético dos dois.

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Já a reprodução assexuada não tem nada disso. Esse método dispensa um papai e uma mamãe e o indivíduo, nesse caso, o fungo, se reproduz sozinho. Enquanto essa forma permite que o cogumelo se espalhe mais rápido, ela dá origem apenas a indivíduos idênticos.

Quando o esporo de um cogumelo pousa em uma superfície propícia, ele germina e cresce até frutificar. Repetindo esse método, os esporos assexuados espalham cogumelos por toda parte, sobrevivendo por anos por conta própria e sem a necessidade de um parceiro de acasalamento ou descendentes geneticamente diferentes.

Várias espécies de fungos são capazes de alternar entre reprodução por esporos sexuados e assexuados, dependendo das circunstâncias. Porém, ninguém sabia que o A. phalloides era um deles.

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Os pesquisadores também descobriram que os genes dos esporos assexuados coletados na Califórnia entre 1993 e 2015 não eram lá tão diferentes dos esporos sexuais que as espécies daquela região produziam. Segundo eles, isso sugere que os cicuta-verde podem usar a reprodução assexuada para se replicar ao longo dos anos, até o momento em que encontram um eventual par de acasalamento.

“Alguns dos descendentes desses cogumelos acasalam, enquanto outros não, e o ciclo se repete”, sugerem os pesquisadores.

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