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Cientistas respondem mistério: dinossauros inspiraram a lenda do Grifo?

Novo estudo sugere que a história de origem da lenda deste ser fantástico por meio de fósseis é tão mitológica quanto o próprio grifo em si.

Por Caio César Pereira
30 jun 2024, 19h00

O grifo, um ser metade leão e metade água, é uma das criaturas mitológicas mais majestosas e imponentes, e está presente em lendas de diversas civilizações antigas. Mas de onde ela surgiu?

Uma hipótese é que esse mito tenha origem pautada na realidade: civilizações antigas encontraram fósseis de dinossauros, elefantes e outros animais antigos e criaram as lendas com base neles. Essa explicação, inclusive, valeria para outros seres míticos, como dragões e ciclopes.

No caso dos grifos, a hipótese mais aceita era de que fósseis de Protoceratops, um dinossauro bicudo, deram origem à lenda dos leões de bico alados. Um novo estudo, no entanto, sugere que a história de origem da lenda do grifo por meio de fósseis de dinossauros é tão mitológica quanto o próprio grifo em si.

O artigo, escrito por pesquisadores da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, e publicado na Interdisciplinary Science Reviews, indica que pode ter ocorrido um equívoco na associação entre os fósseis do dinossauro com a lenda do grifo.

As lendas de uma criatura com alada, com cabeça e membros posteriores de águia e o resto do corpo de um leão, surgiram primeiramente na região da Ásia Central, e suas histórias foram contadas por autores gregos e romanos. As rotas comerciais da época fizeram com que a história se disseminasse por outros lugares e fosse incorporada à cultura de outras civilizações.

A representação mais antiga conhecida de um grifo é uma imagem impressa em argila de um selo mesopotâmico, encontrado na antiga Pérsia (hoje Irã), datando de 3000 a.C. Na maioria das lendas, principalmente na Grécia Antiga, os grifos são associados a protetores, sendo responsáveis por guardar ouro.

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E foi dessa ligação com o ouro que surgiu a associação do grifo com o Protoceratops. Há cerca de 30 anos, a historiadora e folclorista Adrienne Mayor sugeriu, através de várias pesquisas, que mineradores de ouro da antiga Cítia encontraram fósseis de Protoceratops, e, por conta do bico do dinossauro, passaram a imaginar que aquilo na verdade pertencia a uma criatura metade leão, metade águia.

A hipótese do protoceratops-grifo tomou força, e era a mais aceita. Mas não por todos. Os paleontólogos Mark Witton e Richard Hing descobriram que fósseis de protoceratops nunca foram encontrados próximo a minas de ouro.

“Há uma suposição de que esqueletos de dinossauros são descobertos meio expostos, deitados quase como os restos de animais recentemente falecidos,” explica Witton. “Mas, geralmente falando, apenas uma fração de um esqueleto de dinossauro em erosão será visível a olho nu, despercebida por todos, exceto por caçadores de fósseis com olhos aguçados.”

De acordo com os pesquisadores, as únicas indicações de que o Protoceratops serviu como base para o grifo está no fato do dinossauro possuir um bico e quatro patas. Apesar de coerentes, elas podem não ser o suficiente para embasar a hipótese do surgimento da lenda.

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“Não há nada inerentemente errado com a ideia de que povos antigos encontraram ossos de dinossauros e os incorporaram em sua mitologia,” explica Hing. “Mas precisamos enraizar tais propostas nas realidades da história, geografia e paleontologia. Caso contrário, elas são apenas especulação.”

O estudo de como os mitos e lendas podem ter origem em eventos geológicos reais é conhecido como geomitologia. Este campo interdisciplinar combina geologia com a análise de mitos e folclore para descobrir a origem de lendas e outras histórias antigas, como dragões, ciclopes e mesmo deuses. Os pesquisadores, indicam, entretanto, que nem todas as criaturas das lendas precisam necessariamente ter alguma origem na realidade.

“Nem todas as criaturas mitológicas exigem explicações através de fósseis. Invocar um papel dos dinossauros na tradição dos grifos, especialmente espécies de terras distantes como o Protoceratops, não só introduz complexidade e inconsistências desnecessárias para suas origens, mas também se baseia em interpretações e propostas que não resistem ao escrutínio”, conclui Witton.

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