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Cientistas reduzem a frequência de pesadelos em voluntários usando um acorde de piano

Uma combinação de dois tipos de terapia, evolvendo um acorde de dó, reduziu drasticamente a frequência de sonhos ruins em participantes com pesadelos frequentes.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 31 out 2022, 19h19 - Publicado em 31 out 2022, 19h13

A ciência ainda não entende totalmente o motivo de termos pesadelos. Uma hipótese é de que eles sirvam como um treino para situações reais. Um estudo suíço, de 2019, mostrou que, em exames com ressonância magnética, participantes que sentiam mais medo em seus sonhos apresentavam respostas emocionais mais brandas em áreas do cérebro associadas às emoções quando expostos a imagens amedrontadoras.

Apesar da sensação péssima, pesadelos são normais e não necessariamente um problema. Quando se tornam muito comuns, geram cansaço, afetam a memória, a concentração e o convívio social, pode ser o caso de um transtorno de pesadelo.

Esse distúrbio pode ser tratado com terapias comportamentais ou medicamentos. Agora, cientistas investigam a possibilidade de mitigar os sonhos ruins de um jeito não invasivo: com acordes musicais.

Um estudo realizado em 36 pacientes diagnosticados com transtorno de pesadelo mostrou que uma combinação de dois tipos de terapia reduziu a frequência desse tipo de sonho.

 

“Tivemos a ideia de que poderíamos ajudar as pessoas manipulando emoções em seus sonhos”, conta o autor Lampros Perogamvros, psiquiatra da Universidade de Genebra, na Suíça. “Neste estudo, mostramos que podemos reduzir o número de sonhos emocionalmente muito fortes e muito negativos em pacientes que sofrem de pesadelos.”

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Um método não invasivo é, por exemplo, a terapia de ensaio de imagens (TRI), na qual os pacientes reescrevem seus pesadelos mais angustiantes e frequentes e lhes conferem um final feliz. Então, eles “ensaiam” contando a si mesmos aquela história reescrita, tentando substituir o pesadelo.

Esse método pode reduzir a frequência e a gravidade dos sonhos ruins, mas não é eficaz para todos os pacientes.

Em 2009, cientistas descobriram que tocar sons associados a um estímulo enquanto as pessoas estivessem dormindo ajudava a aumentar a memória dessa relação. A equipe de pesquisadores buscava descobrir se isso poderia melhorar a eficácia da TRI.

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Depois de os participantes do estudo preencherem o diário de sonhos por duas semanas, todos os voluntários receberam uma única sessão de TRI. Enquanto uma parcela serviu como grupo de controle, a outra metade dos voluntários passou por uma sessão extra de terapia, em que foi criada a ligação entre a versão positiva de seus pesadelos e um som.

Ambos os grupos dormiam com fones de ouvido que tocariam o som enquanto dormiam, a cada 10 segundos durante o sono REM, quando os pesadelos eram mais prováveis ​​de ocorrer.

O som escolhido foi o acorde de piano C69, formado pelo acorde de dó – dó, mi e sol – somado às notas lá e ré.

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Depois de duas semanas de novos registros no diário, os grupos foram avaliados e, após três meses sem qualquer tipo de tratamento, foram reavaliados.

No início, o grupo de controle tinha uma média de 2,58 pesadelos por semana, enquanto o grupo do acorde tinha 2,94. No final do estudo, o grupo de controle caiu para 1,02 pesadelos semanais; contudo, o grupo que escutou o piano caiu muito mais, chegando a apenas 0,19 pesadelo semanal. Eles também relataram um aumento nos sonhos felizes.

Após os três meses, os pesadelos aumentaram ligeiramente em ambos os grupos, para 1,48 e 0,33 por semana, respectivamente. Os pesquisadores, no entanto, consideram que ainda é uma redução impressionante na frequência de pesadelos. Segundo eles, isso sugere que o uso dos sons para apoiar a TRI resulta em um tratamento mais eficaz.

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“Observamos uma rápida diminuição dos pesadelos, juntamente com os sonhos se tornando emocionalmente mais positivos”, revela Perogamvros.“Para nós, pesquisadores e clínicos, essas descobertas são muito promissoras tanto para o estudo do processamento emocional durante o sono quanto para o desenvolvimento de novas terapias.”

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