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Cientistas ensinam vacas a usar “banheiro” – e isso reduz emissão de gás ligado ao aquecimento global

Pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, ensinaram 16 animais a fazer xixi num coletor especial. Isso evita que a urina das vacas emita óxido nitroso, um gás 300 vezes mais potente que o CO2

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 15 set 2021, 16h13 - Publicado em 15 set 2021, 16h11

Os pais ensinam as crianças a usar o banheiro já nos primeiros anos de vida. Cães e gatos também podem aprender a fazer as necessidades fisiológicas no lugar correto. Agora, cientistas decidiram ensinar outra espécie a usar o reservado: as vacas. E isso pode ajudar a desacelerar o aquecimento global. 

A urina das vacas contém nitrogênio, elemento que quando misturado com as fezes do animal acaba gerando amônia. A amônia é um composto que causa diversos problemas ambientais, como a chuva ácida. Além disso, ela também pode ser convertida por micróbios do solo em óxido nitroso – que, apesar de ser menos abundante na atmosfera do que outros gases que provocam o efeito estufa, é 300 vezes mais potente do que o dióxido de carbono e 10 vezes mais potente do que o metano.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, resolveram criar um banheiro para gado, concentrando a urina em um só lugar e facilitando seu descarte. A iniciativa também é positiva para as vacas: o acúmulo de xixi nos celeiros danifica os cascos delas.

Para a experiência, foram utilizados 16 bezerros da raça Holstein-Frísia. Todos eles tinham cinco meses de idade e deveriam aprender a urinar em um espaço específico equipado com grama sintética. Para isso, os pesquisadores aplicaram um processo de aprendizagem de três etapas. O estudo foi publicado na revista científica Current Biology.

Na primeira etapa, os bezerros eram deixados no “banheiro” até que urinassem. Quando isso acontecia, eles ganhavam uma guloseima e a porta de saída era aberta. No segundo momento, os animais ficavam dentro de um espaço de dois metros de comprimento, separado do banheiro por um portão que poderia ser facilmente aberto pelo animal. Se na hora do aperto o bezerro se dirigisse para dentro do reservado, ganhava um petisco. Já se o animal fizesse xixi no lugar errado, recebia um jato d’água de três segundos.

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A terceira e última etapa era praticamente igual à segunda. A única diferença é que o animal ganhava um espaço extra para circular – uma forma de verificar se ele ainda procuraria o banheiro mesmo estando mais distante dele. Após o treinamento, que teve ao todo dez sessões, 11 dos 16 bezerros estavam utilizando o banheiro em 77% das vezes que iam urinar. De acordo com o estudo, o desempenho destes animais foi superior ao de bebês humanos.

De acordo com os cientistas, o recolhimento de cerca de 80% da urina nos mictórios poderia levar a uma redução de 56% nas emissões de amônia. Os pesquisadores enxergam o treinamento como uma oportunidade de, no futuro, aproveitar a capacidade cognitiva do gado para resolver problemas ambientais sem comprometer o bem-estar animal. 

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