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Cientistas descobrem como bactéria transforma plantas em “zumbis”

Os fitoplasmas são capazes de manipular o organismo de seus hospedeiros e impedir que cumpram seu ciclo de vida natural. Um estudo identificou como isso acontece – e como pode ser evitado.

Por Luisa Costa
Atualizado em 5 out 2021, 18h45 - Publicado em 5 out 2021, 18h44

Os parasitas são seres vivos que dependem de outros para sobreviver, às vezes manipulando seus organismos de forma drástica. Um exemplo é o grupo de bactérias chamado Phytoplasma que faz algumas plantas de vítimas. Essas bactérias, também conhecidas como fitoplasmas, são capazes de reprogramar o desenvolvimento das plantas hospedeiras e transformá-las em “zumbis”.

As plantas infectadas podem desenvolver uma doença conhecida como aster yellows, que costuma ser devastadora para produções agrícolas, ficar com folhas em formatos estranhos, deixar de desenvolver sementes ou apresentar uma condição conhecida como “vassoura de bruxa” – em que um número excessivo de ramos crescem próximos uns aos outros (como você pode ver na imagem acima).

Esse crescimento anormal acontece porque os fitoplasmas impedem que a planta se reproduza normalmente e cumpra seu ciclo de vida. Ficando jovem para sempre, o hospedeiro zumbi pode atender continuamente às necessidades do parasita.

Até agora, havia pouco entendimento sobre como isso acontece, mas um novo estudo identificou a molécula produzida pelas bactérias que é capaz de sequestrar o desenvolvimento das plantas hospedeiras. É uma proteína chamada SAP05, que altera processos do organismo das hospedeiras para desencadear o desenvolvimento anormal.

O estudo foi liderado por pesquisadores do Centro John Innes, na Inglaterra, e publicado na revista Cell. Segundo Saskia Hogenhout, uma dos autores do artigo, as descobertas obtidas podem ajudar a resolver um grande problema para a produção de alimentos.

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Os cientistas investigaram a atuação das bactérias por meio de experimentos com a planta Arabidopsis thaliana, nativa da Europa e da Ásia. Essa planta pertence à mesma família da mostarda (Brassicaceae), e é um dos organismos modelo para o estudo da genética na botânica.

A equipe descobriu que a SAP05 interfere em um mecanismo responsável por decompor proteínas que são desnecessárias dentro das células das plantas – chamado de proteassoma. A SAP05 manipula esse processo e faz com que proteínas vegetais importantes para a regulação do crescimento da planta também sejam descartadas.

Sem essas proteínas, a planta continua formando brotos, e não envelhece. Isso é benéfico ao parasita, pois permite que ele sobreviva e se reproduza por mais tempo. 

Os cientistas afirmam que identificar de que maneira a proteína bacteriana interage com as proteínas das hospedeiras torna possível evitar a degradação. A equipe indica que tecnologias de edição de genes podem ajustar dois aminoácidos presentes em proteínas de plantas e, assim, fornecer maior resistência a plantações, por exemplo.

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