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Cientistas criam porquinhos com menor teor de gordura

Graças a uma técnica de edição de DNA, os novos animais nasceram 24% mais "fit" que o normal

Por Guilherme Eler
26 out 2017, 15h40

Mesmo os carnívoros mais convictos precisam ter bastante sangue frio para olhar a imagem acima e imaginar qualquer coisa relacionada a bacon. Porém, por mais cruel que isso soe, os novos porquinhos “fit” devem se tornar um marco exatamente nesse sentido: melhorando a produção de carne suína por todo o mundo.

Pesquisadores chineses conseguiram criar em laboratório, usando a técnica CRISPR, 12 porcos geneticamente modificados para terem 24% menos gordura que a versão convencional. Mesmo sem parte dessa camada adiposa, que garante a regulação da temperatura, os filhotes são capazes de resistir ao frio — o que pode diminuir os gastos que os produtores têm com alimentação e aquecimento para deixar seus animais mais preparados para o inverno.

A CRISPR (sigla em inglês para Repetições palindrômicas curtas inter espaçadas regularmente e agrupadas) é considerada a nova maravilha da engenharia genética, por ser capaz de modificar uma região específica do genoma com grande precisão e, pelo menos em teoria, não prejudicar os genes vizinhos. Com ela, é como se fosse possível usar o recurso de “Ctrl+C, Ctrl+V” para substituir e intercambiar pedaços do DNA de seres vivos.

Para a maioria dos mamíferos, existe um gene específico que serve justamente para queimar gordura e gerar calor nesse processo. O gene UCP1, no entanto, não está originalmente no genoma dos porcos. O que os cientistas fizeram foi retirá-lo de ratos e introduzi-lo na sequência genética de 2.553 embriões suínos. Depois disso, alguns dos embriões foram implantados no útero de 13 mamães porco, que deram à luz aos filhotes mais magrinhos. Todo o processo foi descrito no estudo, publicado no jornal PNAS.

Os porcos que nasceram tinham uma porcentagem maior de carne em relação aos seus primos não modificados geneticamente, e estavam perfeitamente saudáveis quando foram testados, após seis meses.

Mas, além de fornecerem torresmos menos gordurosos, eles teriam também um sabor diferente? Jianguo Zhao, cientista que liderou o experimento, garante que não. “Uma vez que os animais que usamos no estudo são de uma linhagem famosa pela qualidade de sua carne, nós assumimos que essas modificações genéticas não afetarão o gosto”, explicou, em entrevista à NPR. Até que a tecnologia passe por todos os testes necessários — e a carne de porco mais light ganhe as prateleiras dos supermercados — , será na palavra dele que teremos de acreditar.

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