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Black das Blacks: Super com preço absurdo

‘Chiclete’ mascado há 6 mil anos revela DNA e práticas da vida nos Alpes

Os pedaços de alcatrão, que também era usado como cola, revelam detalhes do sexo, alimentação e práticas das comunidades neolíticas dos Alpes europeus.

Por Bela Lobato
25 out 2025, 12h00

Há mais ou menos 6300 anos, os humanos que vivia na região dos Alpes europeus usavam uma substância interessante em seu cotidiano. O alcatrão da casca de bétula era multifunções: servia de cola para prender lâminas aos cabos, remendo para consertar cerâmicas – e também como goma de mascar.

“A razão exata para mascar alcatrão permanece obscura, mas sugere-se que era feito para fins medicinais, pois contém compostos naturais com propriedades antimicrobianas”, escreve uma equipe de arqueólogos, em um novo estudo, publicado no dia 15 de outubro na revista científica Proceedings of the Royal Society B.

É possível também que mastigar fosse uma parte importante do trabalho com o alcatrão como cola, já que a saliva poderia amolecê-lo novamente após o esfriamento.

Essa resina viscosa pode ser obtida a partir do aquecimento da casca de bétula na ausência de oxigênio. O processo de produção depende da ação de humanos – e, por isso, a substância é o material sintético mais antigo conhecido no mundo.

De vez em quando, escavações nos Alpes europeus revelam artefatos com alcatrão preservado. Para os arqueólogos, esses achados são minas de ouro. Se você já teve em casa adesivos, slime ou massinha, sabe que esses materiais viscosos são perfeitos para grudar todo tipo de coisa – intencionalmente ou não. 

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E, depois de 6 mil anos, até os farelos e fios de cabelo irritantes da sua casa poderiam se tornar evidências fascinantes para compreender o passado humano.

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Para melhorar, alguns fragmentos de alcatrão têm têm marcas evidentes de mastigação – e, por isso, guardam pistas milenares sobre a saúde e as práticas dos humanos daquela época e região.

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O novo estudo analisou 30 artefatos desse tipo. Doze deram pedaços soltos, muitos dos quais apresentavam sinais evidentes de mastigação. Neles, há vários traços do microbioma bucal de quem os mastigou.

Assim, os pesquisadores encontraram DNA de sementes de linhaça e de papoula – mas não se sabe se a planta utilizada na produção de ópio era consumida como alimento ou pelos efeitos analgésicos. É uma cápsula do tempo para a dieta dos povos neolíticos.

Em 19 das amostras, o DNA humano antigo foi preservado com fidelidade suficiente para que, em alguns casos, a equipe conseguisse identificar o sexo da pessoa que o mastigou.

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Isso pode dar pistas dos papéis de gênero daquela sociedade: dez das ferramentas de pedra que usavam o alcatrão como cola tinham DNA masculino, enquanto três itens de cerâmica tinham DNA feminino.

Agora, fique esperto na hora de descartar chicletes, slimes e outras gelecas: eles podem acabar preservando detalhes da sua vida por milhares de anos.

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