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Cérebro não consegue absorver informações durante multitasking

Só conseguimos nos concentrar de verdade quando fazemos uma coisa de cada vez. O resto é lenda

Por Guilherme Eler
25 abr 2017, 18h45

Enquanto lê, mexe no celular e escuta música (tendo a TV como plano de fundo, é claro), você pode pensar que está arrasando no multitasking. Mas o mais provável é que você esteja fracassando (apenas 2% da humanidade dominam plenamente essa habilidade). Os mortais, ou melhor, o restante, simplesmente não consegue render da mesma maneira quando faz muitas coisas ao mesmo tempo.

Ficar alternando entre uma atividade e outra tem impacto direto na forma como nosso cérebro se comporta. Pesquisas anteriores apontam que esse hábito pode reduzir a produtividade em até 40%. Sabendo disso, cientistas de uma universidade finlandesa estudaram o comportamento do nosso cérebro quando temos de nos concentrar em mais de uma tarefa simultaneamente.

No experimento, 18 participantes assistiram a trechos de filmes como Star Wars, Indiana Jones e James Bond. Cada filme teve algumas cenas selecionadas, que viraram pequenos trechos de 50 segundos de duração.

Esses fragmentos, retirados de diferentes partes dos filmes, foram então mostrados aos participantes. Ainda que obedecessem a ordem como apareciam na história, os cortes abruptos faziam com que não houvesse uma sequência lógica de narração.

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Por meio de ressonância magnética, os cientistas analisaram a atividade de 4 regiões do cérebro: o córtex posterior temporal, o córtex pré-frontal meridional, o cerebelo e o pré-cúneo dorsal. Tais áreas estão ligadas ao processo de dar sentido à combinação de diferentes eventos individuais. De acordo com os pesquisadores, elas trabalharam de forma mais eficaz quando focaram em uma tarefa por vez.

Assistir a trechos que não têm conexão clara entre si forçava o cérebro a se reorientar totalmente em um curto espaço, para captar todos os elementos da nova situação. Isso fazia com que o órgão não conseguisse entender a história que se passava na tela. A tarefa de juntar as informações e interpretar o que se estava assistindo foi mais tranquila quando os participantes assistiram a trechos maiores (com 6.5 minutos de duração) e contínuos.

Neste vídeo, disponibilizado pelos pesquisadores, é possível monitorar a atividade do cérebro em cada cena dos filmes. Além de mostrar as regiões de maior e menor atividade, dá para ver também outros medidores interessantes, como os elementos que tinham de ser interpretados pelo cérebro em cada cena. Nos momentos em que pessoas aparecem na tela, a maior atividade se dá na região ligada ao reconhecimento de rostos. Quando há falas, os picos de atividade migram para a partes responsáveis pela linguagem, por exemplo.

Moral da história: quando trocamos do celular para o computador, e daí para a leitura de um livro, é como se nosso cérebro assistisse a uma série de flashes da nossa vida, sem focar direito em nenhum deles. Assim, nosso cérebro não consegue processar direito o que estamos fazendo. Ou seja, não faremos nada bem o suficiente, se ficarmos pulando de galho em galho.

“É muito fácil cair na armadilha de tentar fazer tudo ao mesmo tempo.”, explica Iiro Jääskeläinen, um dos autores do estudo. Para o pesquisador, o avanço que temos conciliando o máximo de coisas não compensa os prejuízos que vêm no pacote – como diminuição da concentração e aumento do estresse. “Estresse prolongado prejudica o pensamento e a memória”, disse, em entrevista ao site da Aalto University.

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