Cérebro gosta mais de certos sons quando eles vêm do lado esquerdo
Estudo revela que sons positivos, como risos, ativam mais o córtex auditivo quando chegam pelo ouvido esquerdo - mas isso só acontece com determinados tipos de áudio.
Pesquisadoras da Suíça descobriram uma preferência inusitada para sons agradáveis. Segundo elas, barulhos positivos geram uma atividade neural mais forte se forem ouvidos pelo lado esquerdo.
O estudo analisou as varreduras cerebrais de treze adultos submetidos a 66 áudios de três tipos: positivos, negativos e neutros. Cada categoria continha barulhos produzidos por humanos e sons de ambiente, que foram tocados em blocos separados pelos tipos, pela lateralização (esquerda, direita ou centro) e intercalados por 20 segundos de silêncio.
Escutar as vocalizações (como risos ou sons eróticos) ativou o córtex auditivo dos participantes. Mas quando as gravações eram direcionadas para o lado esquerdo, a resposta era mais forte.
“Isso não ocorre quando as vocalizações positivas vêm da frente ou da direita”, afirma a neurocientista Sandra da Costa, pesquisadora do estudo.
“Também mostramos que as vocalizações neutras ou negativas, por exemplo, vogais sem sentido ou gritos assustados, e outros sons que não as vocalizações humanas não têm essa associação com o lado esquerdo”.
Até mesmo os outros sons positivos, como o fluir de um rio, aplausos ou uma cerveja sendo aberta, não despertaram a mesma reação que as vocalizações. Os negativos e neutros, vidro quebrando, o tique-taque de uma bomba, vento e o motor de um carro, também não desencadearam a mesma resposta.
Algumas funções do cérebro até se concentram mais no lado esquerdo do que no direito, e vice-versa, mas esse não parece ser o caso. Enquanto o hemisfério direito do córtex auditivo mostrou uma resposta mais forte a vozes humanas positivas na região chamada L3, ambos os lados do cérebro foram ativados pelos sons em experimentos.
“Atualmente não se sabe quando a preferência do córtex auditivo primário por vocalizações humanas positivas vindas da esquerda aparece durante o desenvolvimento humano, e se esta é uma característica exclusivamente humana”, afirma a neurocientista Stephanie Clarke, também envolvida na pesquisa.
“Depois de entendermos isso, podemos especular se está ligado à preferência manual ou aos arranjos assimétricos dos órgãos internos”.
A razão da preferência ainda não é clara – os experimentos focaram apenas em identificar a diferença na atividade no córtex auditivo. Como tal mudança se traduz na percepção desses sons é um mistério a ser testado no futuro.