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Células-tronco: Elas ainda vão salvar sua vida

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 28 fev 2005, 22h00

Reinaldo José Lopes

Não se preocupe se você até agora não entendeu o que são as células-tronco. Os próprios cientistas ainda estão começando a descobrir como elas funcionam e o que fazem. Mas, em meio às pesquisas, acharam caminhos que podem levar à cura de um número enorme de doenças, da surdez à calvície. Tanta versatilidade tem um motivo: essas células são como curingas, capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo.

Grosso modo, dá para dividir essas células em dois grandes grupos: embrionárias e adultas. As células-tronco embrionárias entram em cena quando temos cinco ou seis dias de vida e não passamos de uma bolinha de 150 células ultraversáteis, que darão origem a todo o nosso organismo. Quando envelhecemos, as células ficam mais “engessadas” em suas funções. A exceção fica por conta do segundo tipo de células-tronco, as adultas, encontradas no sangue ou no cérebro mesmo de pessoas adultas. Essas ainda conseguem originar vários tipos celulares diferentes, mas de maneira mais limitada. A esperança de médicos e doentes é usar ambos os tipos de célula para regenerar órgãos do corpo que estejam perdendo seus componentes celulares – como o coração de alguém que sofreu enfarte ou o cérebro de uma pessoa com mal de Parkinson. Só que não é tão fácil. Além de ignorar quase todos os detalhes de como esse processo se desenvolve, há ainda um dilema ético: para obter as células embrionárias, as mais promissoras, é preciso destruir o embrião de onde vêm. Mas, diante de tantas possibilidades, os cientistas acham que vale a pena.

Células-tronco, ao ataque!

O que pode mudar com a nova técnica

1. Mal de parkinson

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Tanto as células-tronco adultas quanto as embrionárias andam mostrando que podem enfrentar o mal de Parkinson, hoje incurável. Cientistas do Centro Médico Cedars-Sinai, na Califórnia, usaram células-tronco do próprio cérebro de um doente de Parkinson e fizeram os sintomas do mal diminuírem 80%.

2. Deficiência cardíaca

Pesquisadores de vários centros no Brasil, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Oswaldo Cruz da Bahia, têm usado com sucesso células-tronco da medula óssea para reparar o coração de pessoas com pontes de safena ou com danos causados pelo mal de Chagas. Há, no entanto, uma controvérsia. Ainda não está claro como elas ajudam na cura: se realmente viram músculo cardíaco ou só estimulam o nascimento de vasos sangüíneos na lesão.

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3. Calvície

Até os folículos capilares, que dão origem aos cabelos e pêlos, parecem conter células-tronco relativamente versáteis. Por esse motivo, cientistas da Universidade de Nova York esperam usar a técnica para ajudar tanto os calvos quanto pessoas que perderam os pêlos por causa de queimaduras na pele. Pelo menos em camundongos, o negócio funcionou: em laboratório, os pesquisadores conseguiram produzir células da pele, glândulas sebáceas e tufos de pêlo.

4. Reprodução

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Faltou pouco para que cientistas do Instituto Whitehead de Pesquisa Biomédica, em Massachusetts, Estados Unidos, criassem um embrião que seria pai antes de nascer. É que, usando células-tronco embrionárias de camundongo, eles conseguiram criar as chamadas espermátides redondas – precursoras dos espermatozóides, só que sem aquela cauda típica. Em tese, a técnica poderia se tornar uma nova forma de reprodução assistida. Uma façanha parecida foi conseguida com óvulos.

5. Paralisia

Algumas pesquisas indicam que tanto células-tronco adultas quanto embrionárias poderiam fazer paraplégicos e tetraplégicos recuperar movimentos, o que hoje é impossível. Num trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, células da medula óssea permitiram que 12 pacientes recuperassem parte da sensibilidade. E camundongos paralisados que receberam células derivadas de embriões humanos na Universidade da Califórnia, em Irvine, Estados Unidos, voltaram a andar.

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6. Surdez

As dificuldades auditivas dos idosos podem se tornar coisa do passado, ao menos se depender de um experimento feito na Universidade Harvard, Estados Unidos. A partir de células-tronco embrionárias, foram recriadas células do ouvido interno, que transmitem vibrações para os neurônios e levam a informação sonora para o cérebro. Pode ser a solução para muitos casos de surdez.

7. Diabete

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É como reiniciar o seu computador, só que o PC em questão é o próprio sistema de defesa do organismo. Essa é a tática que está sendo testada por médicos da USP de Ribeirão Preto para atacar a diabete tipo 1. A doença acontece quando o próprio organismo começa a atacar as células produtoras de insulina. A idéia dos pesquisadores é usar drogas que “desligam” esse sistema e, depois, reconstituí-lo com células-tronco da medula óssea.

8. Perda de ossos

Com a ajuda de células-tronco adultas da medula óssea, um molde e uma substância que estimula o crescimento dos ossos, cientistas alemães da Universidade de Kiel, na Alemanha, conseguiram cultivar uma mandíbula nas costas de um homem durante sete semanas. O osso foi implantado na boca do paciente, que tinha perdido a mandíbula por causa de um câncer. Por ter crescido nele mesmo, a nova mandíbula não sofreu nenhuma rejeição do organismo. Ele já consegue se alimentar de comidas sólidas.

9. Derrames

A aplicação de células da medula óssea no cérebro fez com que uma mulher carioca de 54 anos recuperasse os movimentos depois de um AVC (acidente vascular cerebral). O trabalho, realizado por cientistas do Hospital Pró-Cardíaco e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, permitiu que novos vasos sanguíneos crescessem no cérebro afetado e impedissem a morte dos neurônios da paciente.

10. O fim do silicone

Uma aplicação estética das células-tronco adultas foi descrita em fevereiro por pesquisadores da Universidade de Illinois em Chicago: semeá-las num molde de hidrogel para criar uma prótese de seio muito mais natural que qualquer silicone. Tais células viriam da medula óssea e seriam transformadas em tecido adiposo, ou gorduroso – o mesmo que dá a aparência, digamos, fofinha aos peitos naturais.

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