Campanha desafia cientistas a explicarem suas pesquisas no Twitter
Você poderia fazer um leigo entender seu doutorado só com 280 caracteres? Teve gente que conseguiu.
Quanta ciência cabe em 140 280 caracteres? Pesquisadores brasileiros estão aceitando o desafio de resumir sua trajetória acadêmica usando só esse espaço. Embora um tweet não seja suficiente para fazer alguém entender física quântica ou biomedicina, a ideia serve para divulgar um pouco do conhecimento produzido dentro das universidades, aproximando o público de quem vive de fazer ciência.
Todo esse movimento começou com as hashtags #MyOneScienceTweet e #WhyMyScience. Quem convocou a corrente primeiro foi o estudante de entomologia Dalton Ludwick, da Universidade do Missouri, nos EUA.
(“Se você pudesse contar uma única coisa sobre seu campo de estudo para o mundo todo, o que seria?” #MyOneScienceTweet)
É verdade que a ideia inicial fazia uma provocação bem mais ampla. Mesmo assim, surgiram alguns resultados interessantes…
(“Os dinossauros não foram extintos. Eles permanecem por aqui, à nossa volta, dominando os céus e o mares. Nós os chamamos de pássaros”)
(“Alguns fungos possuem mais de 20 mil sexos diferentes. Mas nós não conseguimos identificar todos eles apenas pela aparência. Só os próprios fungos conseguem”)
No Brasil, em vez de jogar na roda uma verdade científica ou oferecer um porquê para seu interesse em fósseis ou fungos, os cientistas assumiram uma tarefa ainda mais ousada. Acostumados com papers e artigos de dezenas de páginas, eles têm de explicar sua área de atuação com apenas 280 toques. Dá para dizer que vários deles já conseguiram — para alguns, inclusive, até sobrou espaço.
A versão BR veio com a hashtag #MinhaCienciaEmUmTweet, iniciativa do Instituto Serrapilheira que logo contou com a adesão de várias outras instituições.
“Percebemos que a atuação de cientistas estrangeiros nas redes sociais é bem maior que no Brasil. [Lá fora], é possível acompanhar discussões acaloradas e divergências teóricas pelo Twitter mesmo”, comenta Rafael Soares, líder de comunidade do ScienceBlogs Brasil, um dos coletivos que se engajaram na divulgação da campanha.
Rafael conta que a hashtag contribuiu também para o surgimento de novas contas no Twitter, criadas por pesquisadores que sentiram vontade de participar da corrente. “Isso para nós é fantástico. Queremos que o cientista atravesse essa porta que a gente tá abrindo”. Este ‘moments’, criado pelo ScienceBlogs Brasil, reúne os tweets que mais fizeram sucesso com a banca avaliadora, no quesito curtidas e compartilhamentos.
Só nas primeiras 36 horas de campanha, os organizadores contabilizaram 1.068 tweets — sendo 464 descrições de trabalhos de pesquisa. A quem esteja se perguntando, há representantes das ciências humanas também. Você pode acompanhar as histórias mais recentes neste link — e, quem sabe, aproveitar o ensejo e contar ao mundo um pouquinho do seu mestrado.