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Brasil se torna Membro Associado do CERN

É o primeiro país do continente americano a integrar o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares. Entenda o que muda.

Por Leo Caparroz
28 mar 2024, 16h00

O Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN, na sigla em francês Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) é o maior laboratório de física de partículas do mundo. Ele foi criado em 1950, cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, no mesmo contexto de outras organizações que buscavam solucionar conflitos internacionais, como a ONU. A ideia era ter um espaço de pesquisa para que cientistas do ocidente e do oriente pudessem trabalhar juntos. Exatamente por isso ele fica em Genebra, na Suíça – um país com histórico de neutralidade.

A colaboração internacional no CERN rendeu inúmeras pesquisas importantes – três delas vencedoras do Nobel. A internet, por exemplo, começou por lá como um sistema de comunicação entre computadores. Também é no CERN que fica o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), responsável por confirmar experimentalmente a existência do bóson de Higgs, a “partícula de Deus”.

Agora, o Brasil também passa a integrar o grupo de membros do CERN. Em 3 de março de 2022, a Diretora Geral do CERN, Fabiola Gianotti, e o na época Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Marcos Pontes, assinaram um acordo admitindo a entrada do país no Centro.

Dois anos depois, foi anunciado que o país completou os processos internos de aprovação e é, desde 13 de março de 2024, oficialmente um Estado Membro Associado do CERN. É o primeiro país das Américas a ter esse status de participação. 

“Estamos muito satisfeitos em receber o Brasil como Estado Membro Associado. Nas últimas três décadas, os cientistas brasileiros contribuíram substancialmente para muitos projetos do CERN”, disse Gianotti em 2022. “Este acordo permite que o Brasil e o CERN fortaleçam ainda mais nossa colaboração, abrindo uma ampla gama de oportunidades novas e mutuamente benéficas em pesquisa fundamental, desenvolvimento tecnológico e inovação, e atividades de educação e treinamento”.

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O Brasil e o CERN tem um histórico de cooperação que precede muito essa entrada. Em 1990, com a assinatura de um Acordo de Cooperação Internacional, pesquisadores brasileiros puderam participar de um experimento no acelerador de partículas Grande Colisor de Elétrons e Pósitrons (LEP).

Na última década, a comunidade experimental de física de partículas do Brasil dobrou de tamanho, e a cooperação com o CERN só aumentou. Só nos quatro principais experimentos do LHC, cerca de 200 cientistas, engenheiros e estudantes brasileiros colaboram em áreas que vão desde hardware e processamento de dados até análise física. Hoje, institutos brasileiros participam de todos os principais experimentos do LHC.

Além da física de partículas, o CERN e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) do Brasil também cooperam formalmente desde dezembro de 2020 em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de aceleradores e suas aplicações.

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Como Estado Membro Associado, o Brasil vai ter o direito de nomear representantes para participar das reuniões do Conselho do CERN e do Comitê de Finanças. Brasileiros serão elegíveis para se candidatarem a cargos de duração limitada e aos programas de pós-graduação do CERN, e indústrias podem concorrer a contratos do CERN, aumentando as oportunidades de colaboração industrial em tecnologias avançadas.

Atualmente, o CERN tem 23 países membros: Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Israel, Itália, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia, Sérvia, República Eslovaca, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.

Além deles, também tem 8 países que são Membros Associados: Brasil, Croácia, Índia, Letónia, Lituânia, Paquistão, Turquia e Ucrânia são Estados-Membros associados. Estados Unidos e Japão têm status de observadores.

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