Borboletas estão sendo envenenadas por causa do aquecimento global
As vítimas da vez são aquelas queridas borboletas laranjas e pretas - cujo principal alimento está se tornando tóxico.
Que o aquecimento global está ameaçando a natureza não é surpresa para ninguém. Mas a nova vítima pode comover muita gente: a borboleta-monarca, aquela das asas laranjas e listras pretas, pode estar sendo envenenada. Sua principal fonte de alimento (e reprodução) está sendo transformada em veneno.
De acordo com um estudo do Departamento de Ciências Biológicas da Louisiana State University, as serralhas asclepias, plantas que são o principal destino das monarcas para alimentação e deposição de ovos, estão produzindo mais seiva do que o normal. E essa alteração é letal para as borboletas-monarca. Na verdade, o nicho ecológico que envolve monarcas e asclepias é curioso: a seiva produzida pelas serralhas, tóxica para a maioria dos animais, não possui efeito nas monarcas — até certo ponto. Assim, os ovos se desenvolvem e as lagartas originárias ficam envoltas por essa substância, possuindo uma proteção natural contra a maioria dos predadores. As borboletas, quando depositam seus ovos, também carregam essa proteção em suas chamativas asas.
Mas, com o aquecimento global, esse ciclo está ameaçado. Por causa das altas temperaturas do ambiente, as asclepias estão produzindo uma quantidade maior de seiva, o que acaba gerando o efeito inverso: “Uma alta concentração dessas toxinas prejudica as monarcas, retardando o desenvolvimento das lagartas e diminuindo sua sobrevivência”, explicou em comunicado Bret Elderd, um dos professores responsáveis pelo estudo.
Todo esse estudo também chama a atenção para um importante fato: o aquecimento global não age apenas diretamente nos seres vivos, mas nas interações de toas as espécies que vivem em seu nicho, e isso é tão prejudicial quanto. “É cada vez mais reconhecido que as interações entre espécies, especialmente as diretamente relacionadas, precisam ser consideradas quando se tenta entender o total impacto das mudanças climáticas nas dinâmicas ecológicas”, escreveram os autores do estudo.