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Análise genética conta a história do início da domesticação dos gatos

Dois genes são importantes para entender o lugar em que os gatos começaram a se relacionar com os humanos – e a trajetória como nossos companheiros

Por Leo Caparroz
Atualizado em 13 dez 2022, 11h43 - Publicado em 6 dez 2022, 22h46

Há 10.000 anos, muitos humanos não viviam mais como caçadores-coletores. A descoberta da agricultura marcou o início da sedentarização da nossa espécie – já que construímos plantações, não fazia mais sentido ficar vagando por aí. Isso ocasionou no surgimento das primeiras civilizações, cidades e o resto é história.

Uma espécie que se beneficiou dessa mudança foram os gatos. Felinos selvagens capitalizaram no aumento da população de roedores que as novas cidades trouxeram – e os humanos se beneficiaram desse controle de peste.

Um novo estudo da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, descobriu que essa transição de estilo de vida foi justamente o que impulsionou a domesticação de gatos no mundo.

Os pesquisadores coletaram e analisaram o DNA de gatos da região da Crescente Fértil (áreas irrigadas pelos rios Jordão, Nilo, Tigre e Eufrates), bem como em toda a Europa, Ásia e África, comparando cerca de 200 marcadores genéticos diferentes.

Dois desses marcadores de DNA são especialmente importantes. Um sofre mutações rapidamente e pode informar sobre o desenvolvimento recente das populações de gatos. Já o outro confere pistas sobre a história antiga e a evolução da espécie há milhares de anos. Com essas duas peças, os cientistas montaram o quebra-cabeças da história evolutiva dos felinos.

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Segundo o estudo, os gatos provavelmente foram domesticados pela primeira vez no Crescente Fértil, para só depois serem levados junto dos humanos para o resto do globo. Os dados também sugerem que gatos em regiões que foram colônias são parentes próximos de felinos da Europa Ocidental, refletindo a colonização.

“Com o aumento da exploração marítima europeia para conquistar e colonizar novas terras, os felinos foram trazidos em navios para comércio e para proteger alimentos e mercadorias de roedores”, os pesquisadores escrevem no artigo. “A migração de gatos aumentou com a exploração e colonização do imperialismo, que aumentou o número de navios.”

Depois que os genes foram transmitidos dos adultos para os gatinhos ao longo das gerações, a composição genética dos gatos na Europa Ocidental foi mudando, e agora é, por exemplo, muito diferente dos gatos no sudeste da Ásia, um processo conhecido como “isolamento por distância”.

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O gato é um animal de companhia querido e carismático. Embora seja um animal de estimação tão popular quanto os cachorros, as origens dos gatos domésticos são menos estudadas. Leslie A. Lyons, uma das autoras do estudo, defende que, ao contrário dos cães, nós não mudamos muito o comportamento dos gatos durante esse processo de domesticação. “Na verdade, podemos nos referir aos gatos como semi domesticados, porque se os deixássemos soltos na natureza, eles provavelmente ainda caçariam vermes e seriam capazes de sobreviver e acasalar por conta própria devido a seus comportamentos naturais. Gatos mais uma vez se mostram animais especiais”.

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