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Algumas árvores gostam de raios – e podem ter evoluído para atraí-los

Cientistas descobriram que uma espécie de árvore das florestas tropicais do Panamá fica ainda mais forte depois de receber uma descarga elétrica.

Por Bela Lobato
5 abr 2025, 10h00

Levar uma descarga de milhões de volts não costuma ser uma experiência muito saudável. Mas para algumas árvores, pode ser um verdadeiro presente da natureza. Um novo estudo publicado na semana passada na revista New Phytologist sugere que algumas espécies não apenas toleram raios – elas podem se beneficiar deles e, quem sabe, até ter evoluído para atraí-los.

A pesquisa foi liderada pelo ecologista florestal Evan Gora, do Cary Institute of Ecosystem Studies. Ele estuda o impacto dos raios na biodiversidade e no armazenamento de carbono nas florestas tropicais do Panamá. Segundo Gora, a ideia de que algumas árvores poderiam sobreviver a raios não era nova, mas, até hoje, ninguém havia conseguido comprovar isso cientificamente.

A curiosidade do cientista surgiu em 2015, quando ele encontrou uma Dipteryx oleifera – também conhecida como almendro – que havia sido atingida por um raio e saiu praticamente ilesa. O impacto foi forte o suficiente para matar mais de uma dezena de árvores vizinhas e até explodir uma trepadeira parasita, mas a Dipteryx permaneceu firme e forte. 

“Ver que algumas árvores são atingidas por raios e ficam bem foi simplesmente inacreditável”, lembra Gora, em um comunicado.

Intrigada, a equipe monitorou 93 árvores atingidas por raios no Monumento Natural de Barro Colorado, no Panamá. Entre elas, estavam nove almendros. Enquanto 64% das outras espécies morreram em até dois anos, todas as Dipteryx oleifera sobreviveram com danos mínimos.

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Melhor ainda: o fenômeno ajudou a eliminar competidores. Quando um almendro era atingido, em média, 9,2 árvores vizinhas não tinham a mesma sorte e sucumbiam.

As vantagens não param por aí. Os raios também reduziram em 78% as infestações de lianas, trepadeiras parasitas que drenam energia das árvores. Com menos competição por luz e espaço, os almendros ganharam ainda mais vantagem. “É melhor para uma Dipteryx oleifera ser atingida por um raio do que não ser”, resume Gora.

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Os pesquisadores suspeitam que essas árvores possam ter evoluído para atrair raios. Sua altura avantajada e copas largas aumentam em até 68% as chances de serem atingidas. Em média, um almendro recebe um raio a cada 56 anos, mas como podem viver por mais de um milênio, muitos deles enfrentam esse teste elétrico várias vezes ao longo da vida.

O estudo mostra que os raios desempenham um papel subestimado na dinâmica florestal, ajudando algumas espécies a prosperarem enquanto outras desaparecem. Com a previsão de aumento da incidência de raios devido às mudanças climáticas, os autores acreditam que é possível que árvores como a Dipteryx oleifera se tornem ainda mais dominantes. Para a próxima fase da pesquisa, os cientistas querem entender melhor quais características elétricas e estruturais garantem essa resiliência.

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