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A mineração romana poluiu o ar da Europa por 500 anos

Muito antes da gasolina com chumbo, os romanos já aumentaram a concentração do metal tóxico na atmosfera em dez vezes.

Por Ingrid Luisa
9 Maio 2019, 10h31

A Revolução Industrial do século 19 é um marco para o início da poluição do planeta. Usamos dados da era pré-industrial para definir o que é uma concentração “normal” de certas substâncias na atmosfera.

Isso não significa que as grandes civilizações da Antiguidade não tenham culpa no cartório. Uma pesquisa recém-publicado mostra que o Império Romano poluiu a Europa com chumbo em uma escala muito maior do que se imaginava.

Já se sabe faz tempo que os romanos foram grandes mineradores de chumbo. Mas ninguém tinha certeza do quanto e por quanto tempo essa atividade poluiu o ar europeu. Não havia dados para comparar o impacto da mineração romana à poluição por chumbo contemporânea.

Agora há. A nova pesquisa, publicada no periódico Geophysical Research Letters, é uma das primeiras a quantificar a quantidade de chumbo no ar da Europa nos últimos 5.000 anos, abrangendo a Idade do Bronze (3000 a 800 a.C), a Idade Antiga (800 a.C até o século V a.C) e o início da Idade Média. Segundo os resultados, mineração romana aumentou no mínimo dez vezes a concentração do metal na atmosfera.

Parece muito, mas faz sentido. No auge do Império, os romanos extraíam chumbo de muitas áreas da Europa, como a Península Ibérica e a Grã-Bretanha. Além de fundir moedas, eles usavam esse metal em utensílios domésticos e para a construção de tubulação de água.

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Para chegar nesses dados, os pesquisadores usaram gelo. Eles mediram as concentrações de chumbo e de outro metal, o antimônio, em um cilindro de gelo retirado do Mont Blanc, o pico mais alto dos Alpes. Como a parte debaixo do gelo congelou há mais tempo que a de cima, o amostra revela como a concentração de várias substâncias na atmosfera variou com o tempo.

A conclusão é que os romanos poluíram o ar europeu por cerca de 500 anos. Nesse período, houve dois picos: um por volta de 250 a.C e outro em 120 d.C, o que coincide, segundo os pesquisadores, com períodos de expansão e prosperidade.

Inalar partículas de chumbo pelo ar pode resultar em um deposito dessa substância nos pulmões, dentes, ossos, até chegar no sangue. Ao afetar o sangue, o chumbo pode causar anemia, degeneração das hemácias e interferir na produção de hemoglobina. Além disso, pode causar sérias alterações no sistema nervoso.

Isso só prova que o impacto causado pelo homem na atmosfera não é de hoje — vem de milênios.

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