A matemática por trás da bola da Copa do Mundo 2026
A Trionda é a primeira bola de Copa do Mundo feita com apenas quatro painéis. Entenda a geometria (e as preocupações) que rodeiam a esfera.
Na última quinta-feira (2), a Adidas revelou ao mundo a cara da Trionda, nova bola de futebol que irá rolar nos estádios da Copa do Mundo de 2026. O nome, assim como o design, homenageia os três países que irão sediar o evento – um feito inédito na história da Copa.
A bola incorpora elementos das bandeiras de cada nação. O Canadá é representado pelo vermelho e a folha de bordo; o México está simbolizado no verde e a águia; e os Estados Unidos aparecem com o azul e a estrela. A superfície também possui esses três ícones em alto relevo, além de linhas onduladas que remetem ao nome da bola e aos “olas” típicos dos estádios.
Uma das principais inovações da Trionda é o chip acoplado internamente à bola, que irá mandar informações em tempo real ao VAR. A tecnologia agiliza as decisões de arbitragem e fornece dados de desempenho na partida. O sensor já estava presente na Al Rihla, que rolou no Catar em 2022. A diferença é que ele foi transferido do centro para a parede interna da bola, prometendo maior precisão.
Essa não é a única novidade. A bola da Copa do Mundo de 2026 é a primeira a ser formada por apenas quatro recortes de tecido soldados entre si. É bem menos que a Al Rihla, que tinha 20 formas costuradas. A Trionda se provou um desafio de engenharia – e uma baita curiosidade matemática.
Todas as bolas de futebol da FIFA são parcialmente inspiradas em sólidos platônicos. Para ganhar a benção de Platão, o sólido deve cumprir três requisitos: ser convexo (não ter nenhum canto voltado “para dentro”); ter todas as faces com a mesma quantidade de arestas; e todos os vértices serem extremidades de uma mesma quantidade de arestas.
Apenas cinco poliedros cumprem esses requisitos: tetraedro, hexaedro (mais conhecido como cubo), octaedro, dodecaedro e icosaedro.
A bola de futebol branca e preta clássica, protagonista da Copa de 1970, é um icosaedro truncado. Seus vértices são achatados para torná-lo mais esférico. Dessa forma, ele passa a ser um sólido arquimediano, composto por hexágonos e pentágonos. Veja abaixo.
A Trionda é inspirada no sólido platônico mais simples: o tetraedro. Ele é composto por quatro triângulos, como uma pirâmide de base triangular. O tetraedro parece o poliedro menos rolável em um campo de futebol – e é mesmo. O truque foi deformar os lados dos triângulos, transformando-os em curvas.
Pegamos emprestado este post do Instagram da Scientific American para uma melhor visualização:
É uma escolha arriscada. A última bola de Copa que se inspirou parcialmente em um tetraedro (embora não seja um) foi a Jabulani. Seus vértices eram achatados, como a Telstar, e os lados eram curvos. Essas características a tornam a bola mais redonda de todas as copas – e também a mais controversa. Sua aerodinâmica era menos previsível, devido ao menor atrito com o ar. Um enigma para os jogadores e o terror dos goleiros.
Os padrões em alto relevo na Trionda podem minimizar esse efeito. Segundo a Adidas, elas conferem mais aderência à bola quando está molhada. A fabricante também afirma que os sulcos em forma de onda garantem a estabilidade no ar, garantindo um atrito bem distribuído. O design e testes foram desenvolvidos ao longo de três anos e meio, então vale dar um voto de confiança aos engenheiros.
Agora, o veredito cabe aos jogadores de futebol. Se quiser sentir a bola no pé, a Adidas já está vendendo a Trionda Pro, modelo que será usado nos campos, por R$ 1.299,99. Caso a grana esteja curta, a versão MiNi é a opção mais barata, saindo por R$ 99,99.
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