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A Lua teve um campo magnético há 2 bilhões de anos, segundo análise de rochas

A presença de um campo magnético na Lua há 2 bilhões de anos está de acordo com a principal teoria para o surgimento do satélite natural.

Por Eduardo Lima
9 jan 2025, 14h00

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências encontrou evidências de que a Lua já teve um campo magnético, há 2 bilhões de anos. Eles chegaram à conclusão depois de analisar amostras de rochas trazidas para a Terra pela sonda Chang’e-5, uma missão de exploração lunar chinesa.

O estudo que expõe a hipótese foi publicado no periódico Science Advances. A sonda Chang’e-5 trouxe as amostras lunares para a Terra em dezembro de 2020. Ela carregou 1731 gramas (ou seja, pouco menos de 2 kg) de poeira lunar e rochas vindas do satélite natural.

Atualmente a Lua não tem um campo magnético dipolar, como o da Terra. Ao invés de dois polos, a magnetização está presente de forma variada, só em alguns pontos. Ela se origina na crosta local, e não no interior do satélite natural. A imagem abaixo mostra essas anomalias magnéticas, sem ordem certa.

Foto da distribuição de anomalias magnéticas na superfície lunar.
(Science Advances (2025)/Reprodução)

Porém, 2 bilhões de anos atrás, as coisas eram bem diferentes. A análise das amostras da sonda Chang’e-5 indica que a Lua já teve um campo magnético fraco que a englobava. Na época, a convecção termomecânica – ou seja, a transferência de calor e energia entre fluidos no interior do satélite – criava um efeito dínamo. Esse processo, responsável pela formação do campo magnético da Terra, transforma energia mecânica em correntes elétricas.

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Fluidos derretidos e água congelada na Lua

Pouquíssima gente imaginava que a Lua pudesse ser magnetizada até as primeiras missões à superfície do satélite. A análise de amostras recuperada por astronautas dos Estados Unidos e sondas não-tripuladas da União Soviética sugeria que a Lua havia tido um campo magnético há 4 bilhões de anos, com 5% da força do campo da Terra.

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Se houve um campo magnético, então deve haver algum tipo de fluido derretido no interior da Lua, para que seja possível o efeito dínamo. Isso está de acordo com a principal teoria para a origem da Lua, que defende que ela é fruto de um grande impacto a 4,5 bilhões de anos entre um corpo celeste do tamanho de Marte e a Terra em formação. O pedaço da Terra que se desprendeu (e, portanto, teria um interior de fluidos derretidos como o resto da Terra) virou o satélite natural do planeta.

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As amostras analisadas pelos pesquisadores chineses são, em sua maioria, pedaços de basalto, uma rocha que se forma a partir do resfriamento do magma. Elas guardam evidências do antigo magnetismo do satélite. O antigo campo magnético da Lua tinha uma força de 2.000 a 4.000 nanoteslas – ou seja, entre 4% e 8% da força atual do campo magnético terrestre. A pesquisa também mostra que o satélite natural provavelmente estava passando por vulcanismo bem mais tarde do que se imaginava.

A presença de um campo magnético há alguns bilhões de anos também significa que a Lua provavelmente tinha mais água congelada na superfície do que se imaginava. Segundo essa hipótese, isso acontece porque o magnetismo serviria de proteção para a água contra os ventos solares, prevenindo reações químicas que transformariam H₂O em outros materiais.

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