“A Era dos Humanos”: documentário une ciência e cinema para comover espectadores à causa ambiental
A Super conversou com Iara Cardoso, diretora do novo documentário. Segundo ela, o objetivo do projeto era chamar atenção para as mudanças climáticas de um jeito emotivo e, ao mesmo tempo, científico.
 
							No fundo de um lago no Canadá, se esconde a chave para uma nova era geológica. Na lama do lago Crawford, foram encontrados resquícios de plutônio usados nos testes de bombas atômicas do século 20. Isso é um sinal evidente de que nossas ações já estão alterando o planeta.
Uma época geológica é marcada por uma mudança em escala planetária – a que iniciou o Holoceno, nossa época atual, foi a última Era do Gelo, mais de 11 mil anos atrás. Porém, um grupo de pesquisadores defende que já está na hora de deixar o Holoceno para trás e entrar em uma nova era: o Antropoceno. Nossas ações destrutivas mudam o meio ambiente e o planeta em uma escala jamais vista, e a pesquisa no lago do Canadá é uma tentativa de oficializar a proposta.
“É muito importante a gente entender que isso é uma realidade. As mudanças climáticas estão aí, essa nova era está acontecendo e é resultado de algo muito negativo. Essa nova era está sendo marcada pela nossa destruição”, afirma Iara Cardoso, diretora e roteirista do documentário “A Era dos Humanos”, em entrevista à Super.
No novo documentário, apresentado pelo ator Marcos Palmeira, Cardoso buscou trazer uma junção de documentário com cinema, conciliando a credibilidade científica com o apelo cinematográfico justamente para sensibilizar as pessoas para as mudanças climáticas.
Segundo ela, foi criado muito conteúdo sobre o assunto nos últimos anos, mas as pessoas não se sentem comovidas ou não se simpatizam com a causa.
“A gente precisa de alguma forma encontrar novas formas de falar sobre isso. O documentário pretende trazer esse lado emocional para a natureza humana e a ciência”, afirma.
Um dos trechos do documentário mostra, inclusive, um estudo similar ao conduzido no Canadá. Rubens Figueira, químico e professor da Universidade de São Paulo, tirou um pedaço de lama, chamado de testemunho, do rio Caravelas, na Bahia. Analisando a amostra, ele percebeu resquícios de césio-137 em meio aos sedimentos.
O césio-137 é um isótopo radioativo do elemento químico césio. Segundo o estudo publicado por ele e colegas, a ocorrência natural desse elemento no Atlântico Sul é consequência dos testes nucleares.
“A ciência e a natureza são as protagonistas, mas a gente traz um pouquinho de narrativa, a gente acompanha um personagem. Não só o Marcos Palmeira, mas todos os cientistas que estão conosco nesse projeto são personagens”, afirma Cardoso. “Com a dificuldade de fazer ciência no Brasil, os cientistas brasileiros são grandes apaixonados. Eles acreditam muito no que eles fazem. Quando a gente coloca ele no campo, acompanhando o que ele está sentindo, a gente sente junto com ele.”
 
    O documentário acompanha e entrevista pesquisadores de várias áreas: fungos, corais, produção de energia, bioengenharia, botânica e por aí vai. Além do foco científico, o documentário mostra a biodiversidade natural do Brasil, com destaque para a Amazônia, mas também visitando o pantanal, cânions catarinenses, o arquipélago de Abrolhos, entre outros.
Para Cardoso, essas imagens são vitais para o impacto emocional do filme. Segundo ela, seu objetivo era mostrar a beleza natural do Brasil e tocar os corações com as “maravilhas da natureza”.
Até agora, nosso legado como humanidade foi de destruição: o planeta ficando mais quente, animais perdendo suas cores, plásticos poluindo rios e florestas queimando. Para ela, o marco do Antropoceno é um alerta e um pedido de mudança. Temos a chance de repensar como queremos conduzir o restante dessa nova era e escolher entre o caminho da degradação ou da preservação. É um momento importante de reflexão, que precisa ser guiado pela ciência.
“A gente traz a ciência talvez no momento em que ela precise ser mais valorizada. Temos grandes cientistas no Brasil, heróis brasileiros que muitas vezes não são encarados dessa forma e que passam por muitas dificuldades para fazer ciência no Brasil. Então a gente quer trazer esses heróis para a tela e emocionar alguns corações”, afirma.
“A Era dos Humanos”, um documentário dividido em quatro episódios, chega em outubro ao Globoplay.
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