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22 pessoas seria o número ideal para formar uma colônia em Marte, sugere estudo

O estudo, que ainda não foi revisado, também analisou quais personalidades se dariam melhor com as adversidades da comunidade marciana. Confira.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 14 mar 2024, 14h17 - Publicado em 24 ago 2023, 18h22

A nova corrida espacial sonha com uma visita e (por que não?) uma estadia em Marte. Mas, para além dos recursos e investimentos monumentais para um projeto como esse vingar, qual teria de ser o tamanho da colônia para que ela conseguisse prosperar?

Recentemente, pesquisadores conduziram uma série de simulações para averiguar o tamanho ideal de uma futura base marciana. Segundo eles, bastaria colocar 22 indivíduos em uma colônia para mantê-la na ativa por quase três décadas.

O estudo, que ainda não foi revisado por outros cientistas (uma etapa importante da produção acadêmica), criou o modelo de uma colônia de Marte focado especificamente em quantas pessoas seriam necessárias para uma colônia viável. Para as simulações, a equipe presumiu que o assentamento já estivesse construído – e que alimentos, ar e água fossem produzidos em Marte. O trabalho dos inquilinos seria, basicamente, gerir o lugar e seus recursos.

“Temos quatro tarefas críticas e continuamente necessárias (ar, água, produção de alimentos e remoção de resíduos), além de lidar com possíveis desastres. Para cada tarefa são necessárias duas habilidades distintas, então escolhemos um tamanho populacional de 10 como o mínimo necessário para uma ‘colônia estável’,” escreveram os cientistas no artigo.

Os pesquisadores realizaram cinco testes, cada um simulando 28 anos terrestres de vida na colônia e testando diferentes quantidades de moradores iniciais. Eles perceberam que, começando com 22 ou mais, o número de habitantes raramente caia para menos de 10 nos anos seguintes. Óbvio que, com 170 pessoas no começo, a chance de cair para menos de 10 é bem mais baixa. 22 é o mínimo para que o flerte com a instabilidade não seja prejudicial.

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Além de descobrir o tamanho mínimo inicial de uma base marciana, a equipe também analisou quais características provavelmente contribuiriam para o sucesso de tal colônia. 

Eles usaram questionários preenchidos por grupos a bordo da Estação Espacial Internacional ou por pessoas que viveram em bases no Ártico durante meses seguidos. Eles também levaram em consideração traços como resiliência ao estresse, habilidades sociais e grau de neuroticismo – traço de personalidade que mede o quão mal-humorado alguém pode ser.

Sem surpresas: aqueles com personalidades consideradas agradáveis tinham maior chance de sobreviver à missão e de manter a colônia próspera. 

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Por outro lado, os “neuróticos” – definidos como indivíduos com alto grau de competitividade, características interpessoais altamente agressivas e pouca capacidade de se adaptar ao tédio ou uma mudança de rotina – tinham maior probabilidade de falhar e morrer mais cedo, pondo em risco o sucesso da missão.

O ponto fraco da pesquisa

O estudo esbarra em uma questão de planejamento complexa. Ao contrário de máquinas, não é possível saber exatamente como as pessoas vão agir em um ambiente como Marte. Claro, astronautas passam por treinamentos e testes para garantir sua aptidão ao serviço, mas as relações humanas são mais difíceis de prever do que a rota de um foguete em órbita.

Como preparação, a Nasa “lançou” um programa de teste em junho deste ano. O CHAPEA, sigla em inglês para “Análogo de Exploração, Saúde e Desempenho da Tripulação”, consiste em uma cabine de 160 metros quadrados em que 4 participantes passam por uma simulação de um ano da vida em Marte.

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Nesse BBB científico, os pesquisadores simulam os desafios de uma missão humana no planeta vermelho, incluindo falta de recursos, falhas de equipamentos, atrasos na comunicação e outros fatores de estresse. Eles também esperam coletar dados sobre os impactos potenciais da missão na saúde e no desempenho da tripulação.

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